Por Luiz Roberto Marinho – A Vara Criminal de Ipojuca, na Região Metropolitana do Recife (RMR), decretou na sexta-feira (7) a prisão preventiva do empresário Gilberto Claudino da Silva Junior. Ele foi detido na quarta-feira (5), quando se apresentou na Central de Flagrantes, no bairro de Campo Grande, na Zona Norte do Recife, e cumpria desde então prisão temporária sob a acusação de desvio estimado de R$ 6 milhões de emendas parlamentares da Câmara Municipal do município.
O empresário, de 36 anos, está recolhido ao Cotel, em Abreu e Lima, na RMR, e responderá a processo pelos crimes de corrupção passiva, peculato, falsidade documental e lavagem de dinheiro. Se condenado, pode cumprir pena de reclusão de dois a 12 anos.
Gilberto Claudino fugiu de casa, na Praia do Cupe, no Litoral Sul, por volta das 22h do dia 1º de outubro, um dia antes do cumprimento dos mandados de prisão da Operação Alvitre, comandada pelo delegado Ney Luiz Rodrigues, de Porto de Galinhas, no Litoral Sul, que desbaratou quadrilha que desviava a execução das emendas dos vereadores de Ipojuca, prendendo até agora três envolvidos.
Ele é dono da Faculdade Novo Horizonte, em Ipojuca, que recebia os valores das emendas por cursos para a prefeitura não realizados, terceirizados pelo Instituto de Gestão em Políticas Públicas do Nordeste (IGPN), cujo proprietário, Gerailton Almeida da Silva, continua foragido.
A investigação apurou que, em 2022, o IGPN recebeu R$ 2,28 milhões de emendas de execução obrigatória, valor que saltou para R$ 25 milhões em 2025, uma elevação de mais de dez vezes em apenas três anos.
Foram detidas a advogada Edjane Silva Monteiro e a psicóloga Eva Lúcia Monteiro, irmã dela, dirigentes da ONG Rede Vhida, de Caruaru, no Agreste, que também foi terceirizada pelo IGPN, e Maria Netania Vieira Dias, ex-conselheira tutelar de Ipojuca, suposta namorada de Gilberto Claudino. Somam quatro, agora, os envolvidos presos.
O caso ganhou contornos ainda mais graves com o assassinato a tiros, no quintal de casa, em Ipojuca, da professora Simone Marques da Silva, vinculada à Faculdade Novo Horizonte, no dia 28 de outubro. Ela foi morta horas depois de ter tentado depor na Delegacia de Porto de Galinhas sobre os desvios das emendas, quando teve de remarcar o depoimento. A Divisão de Homicídios investiga a possibilidade do assassinato estar relacionado à investigação do caso.
O OUTRO LADO
Em nota divulgada pelo site g1PE, os advogados de Gilberto Claudino afirmaram que a acusação é “injustificadamente atribuída” a seu cliente. Ressaltaram que ele, “daqui por diante, contribuirá com as investigações prestando depoimentos e apresentando documentos, dentre outros, sempre que solicitado a fazê-lo, tudo no intuito da busca da verdade, além de provar cabalmente sua inocência”.









