Do UOL – A Justiça Eleitoral de São Paulo mandou derrubar o perfil de Pablo Marçal (PRTB) no Instagram após o ex-coach publicar um laudo médico falso de Guilherme Boulos (PSOL) tentando associar o adversário ao uso de drogas. A conta de Marçal na plataforma já está fora do ar.
O que aconteceu
A decisão tinha que ser cumprida em duas horas pela rede social. O juiz eleitoral Rodrigo Capez determinou a suspensão do perfil da Marçal no Instagram por 48 horas. Em caso de descumprimento da decisão, o Instagram ficaria sujeito ao bloqueio de R$ 200 mil da conta da plataforma.
Se novos perfis de Marçal forem usados para republicar laudo falso, eles também devem ser suspensos. O candidato do PRTB usava um perfil alternativo desde o final de agosto, quando teve a conta bloqueada por abuso de poder econômico nas eleições.
Pedido de prisão preventiva de Marçal foi negado. O juiz Rodrigo Capez argumentou que o Ministério Público se manifestou contra o pedido de prisão da campanha de Boulos e que não há elementos para a determinação de medidas cautelares de busca e apreensão no momento. “Para tanto, o próximo passo é determinar se concretamente existe alguma situação de perigo, criada pelo comportamento do imputado, que se enquadre nas hipóteses legais.”
A Polícia Federal foi acionada para investigar o caso. A corporação vai avaliar possíveis buscas e apreensões de dados. O diretor-geral da PF, Andrei Passos, disse à colunista do UOL Carla Araújo que já há uma investigação em curso a pedido do candidato do PSOL. “Essa nova representação foi juntada em inquérito instaurado em setembro, aberto a partir de outra representação do candidato Guilherme Boulos, que foi acusado de ser usuário de drogas.”
Ex-coach ainda não se manifestou sobre a suspensão do perfil. O UOL entrou em contato com a campanha do ex-coach, mas ainda não teve retorno. O espaço segue aberto para manifestação. Neste sábado (5), Marçal faz uma caminhada por São Paulo como último ato de campanha para mostrar que é o candidato “mais forte e mais disposto” — ele diz que pretende correr até chegar para votar no domingo (6), às 8h, na zona sul da capital.
Defesa de Boulos diz que publicação de Marçal atentou contra a democracia. “A gravidade desse crime extrapola a falsificação do documento, atenta contra todo sistema democrático brasileiro”, afirmou o advogado de Guilherme Boulos, Alexandre Pacheco.

O que se sabe sobre o caso
Marçal publicou no Instagram um laudo médico falso de Guilherme Boulos (PSOL). O documento é assinado por um médico que já morreu, tem erros de digitação e informações pessoais incorretas de Boulos.
Médico está com registro suspenso no CRM-SP desde 2022. No site do órgão, a situação do profissional aparece como “falecido”. A assinatura do documento forjado também é diferente da que aparece em um documento judicial de 2019.
Boulos disse que adversário “não tem limite” e que o documento é falso. Em vídeo ao vivo nas redes, ele também pediu a prisão do administrador da clínica em que Marçal diz que ele foi atendido em 2021. “O dono da clínica tem um vídeo com o Pablo Marçal, é apoiador dele, e nós vamos publicar aqui no meu Instagram esse vídeo assim que eu terminar a live”, afirmou.
Cerca de duas horas depois da publicação de Marçal, o ex-coach disse que o Instagram removeu o post. “Parabéns pela democracia de esquerda”, disse o candidato. Neste sábado (5), a Justiça Eleitoral também determinou que Marçal e outros perfis apaguem postagens que trazem o prontuário médico forjado.
Sem apresentar provas, Marçal associa Boulos ao uso de cocaína desde o início da campanha. Ele já foi condenado pela Justiça Eleitoral a apagar publicações sobre o assunto nas redes sociais. No debate da TV Globo, o psolista apresentou um exame toxicológico feito no dia 2 de outubro com resultado negativo.