Por Ricardo Antunes – A frase em latim significa “Liberdade ainda que tardia”. A criação deste
lema foi de Alvarenga Peixoto, um inconfidente, inspirado a partir de um verso do poeta romano Virgílio: “Libertas, quæ sera tamen, respexit inertem”.
É nela que me lembro agora para compartilhar a alegria de mais uma vitória. A terceira seguida. Tudo que, arbitrariamente, fizeram contra mim foi revogado.
Tudo, tudo, tudo.
Um mandado absurdo de prisão, a solicitação de confisco do meu passaporte e a censura do meu site, que ficou mais de três meses fora do ar em um prejuízo incalculável, tanto financeiro como emocional.
Fui alvo de uma caçada humana (ou desumana). Motivos obscuros nortearam os meus algozes. Encontrava-me na Europa em viagem de estudos. Estivesse no Brasil teria sido um prisioneiro político.

Transformado em exilado, senti a dor da distância, as dificuldades da sobrevivência, a triste nostalgia de minha terra. Vivi um exílio amargo, duro, depressivo. Voltei sem ódio, mas, também, sem medo.
Nunca perdi a esperança na verdade. Nunca! Por isso irei trabalhar ainda mais para que a transparência e a liberdade de expressão sejam uma constante, nunca uma exceção.
Tenho um compromisso de vida com a liberdade de expressão, com meus leitores, com o sagrado direito de bem informar, com Pernambuco e com o Brasil.
Os que utilizaram a justiça para perseguir-me, hoje saboreiam o gosto azedo da derrota ao verem a verdadeira justiça restituir-me os direitos solapados de forma vil e indigna.
Não conheço o medo. O sofrimento que me foi imposto revigorou-me. Meu compromisso com a verdade se confunde com minha vida. E a vida só é digna de ser vivida com a luta por ideais maiores que nós mesmos.
Ainda existem ciladas pelo caminho, bem sei, mas estamos atentos a qualquer novo “truque”. Nosso trabalho de denúncias contra os poderosos incomoda muito.
Aos que tentaram derrotar-me, no entanto, respondo com a férrea decisão de continuar lutando.
É isso.