Por Mônica Bergamo, da Folha – O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), enviou um recado ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE): ele vai levar a proposta de emenda constitucional (PEC) que prevê a adoção do voto impresso ao plenário para que ela seja derrotada pelos deputados. Desta forma, o assunto seria encerrado e o presidente da República, Jair Bolsonaro, poderia mudar de assunto sem sofrer uma derrota do Judiciário, com quem tem se confrontado permanentemente.
A expectativa é que o tribunal, por outro lado, adote medidas para tornar a auditagem das urnas eletrônicas mais transparente, com maior divulgação e com a eventual ampliação do percentual de máquinas que passam por teste de integridade.
A iniciativa de Lira ainda está sendo digerida por deputados federais. Uma parte deles acredita que o presidente da Câmara não pretende incendiar o país nem alimentar o discurso golpista de Bolsonaro.

O melhor, nesta circunstância, seria encerrar o assunto.
Diante da instransigência de Bolsonaro, no entanto, ele teria decidido levar o tema ao plenário, sem, no entanto, se comprometer com sua aprovação.
Bolsonaro partiu para o confronto direto com o presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, e chegou a chamá-lo de “filho da puta” em uma aglomeração hoje com apoiadores em Joinville, em Santa Catarina.
Nesta semana, o presidente participou de um programa de rádio em que levantou novas suspeitas contra as urnas eletrônicas, afirmando que a própria Polícia Federal tinha encontrado indícios de fraude –o que, segundo o TSE, não ocorreu e jamais foi comunicado ao tribunal.
Na quinta (5), Bolsonaro sofreu uma derrota na comissão especial que analisava a PEC que prevê o voto impresso.
Ela foi derrotada por 23 votos a 11.
O presidente, no entanto, sinalizou que isso não basta e que pretende continuar sua pregação pelo voto impresso.
A votação em plenário, e a eventual derrota da PEC, seria um passo para que o assunto fosse enterrado.
Ainda que ela seja aprovada, dificilmente passaria no Senado, onde um projeto anterior sobre o mesmo assunto nunca foi analisado.