EXCLUSIVO, Por Ricardo Antunes — Nem só de luxo dos camarotes VIPs contratados sem licitação vive o São João de Caruaru. No mundo real, os comerciantes de pequenas barracas do Pátio de Eventos enfrentam um problema de saúde pública. Em entrevista exclusiva ao blog, Eduardo Dantas, representante da categoria, denunciou, nesta terça (6), que a precariedade dos banheiros compromete a estrutura de quem recebe o público para vender comidas e bebidas.
“O pessoal não tem banheiro e faz xixi na rua, no muro, em qualquer lugar. Esse mijo escorre e vai parar na frente das barracas. Não é só um problema dos barraqueiros. É um problema da administração de Caruaru. As pessoas são prejudicadas e quem é da cidade sabe que o problema é da gestão”, declarou.
Dantas afirmou que pretende cobrar da prefeitura e da Fundação de Cultura providências para a melhoria dos sanitários da parte alta do Pátio de Eventos. Uma da ideias é construir canaletas para impedir que a urina atrapalhe o comércio.
“Acredito que é burrice da gestão. Eles sabem que serão prejudicados com essa falta de estrutura. É uma queixa não só de quem é comerciante, mas de quem vai comprar também”, acrescentou.

Há três meses, Dantas enviou um ofício ao presidente da Fundação de Cultura, Rafael Martiniano. Bem no começo das articulações e do planejamento, os trabalhadores detectaram problemas que surgiram com a mudança de formato na estrutura do comércio.
“A gente teve algumas conquistas e conseguiu modificações, mas ficou essa questão dos banheiros”, comentou. Para Dantas, as informações sobre problemas nos camarotes VIPS são muito ruins para quem vive, há muitos anos, negociando no São João da cidade. São os veteranos, como eles se apresentam.
“A gente paga o metro quadrado mais caro que existe. O pessoal da administração prefere lidar com três ou quatro restaurantes do que tratar com 80 comerciantes de barracas de 2,5 metros”, desabafou.
Veja o vídeo:
Comerciantes denunciam condições insalubres no São João de Caruaru: "Camarote VIP de um lado, e xixi para comerciantes do outro" pic.twitter.com/hTB12WHOl2
— Ricardo Antunes (@blogricaantunes) June 6, 2023
Histórico
A “farra” dos camarotes foi denunciada pelo blog com exclusividade. Os empresários Augusto Acioli e Felipe Carreras pagaram R$ 220 mil para montar a estrutura e esperavam faturar mais de 30 milhões em 19 dias de festa.
Diante das denúncias, o Ministério Público (MPPE) pediu para a Justiça impedir a venda de ingressos, que custam até R$ 400. O juiz da Segunda Vara da Fazenda de Caruaru, José Adelmo Pereira, que é sogro do gerente da fundação, Genaldo Bezerra Filho, não acatou a solicitação.
Disse que “seria um risco para o evento” e mandou Acioli e Carreras, da Festa Cheia, pagarem mais R$ 800 mil para montar o camarote Exclusive.
A empresa virou a queridinha da prefeitura de Caruaru, desde a saída de Raquel Lyra para a disputa do governo, em 2022.
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