EXCLUSIVO, Por Luiz Roberto Marinho — O inquérito policial que investigou a agressão da comerciária Amanda Bezerra de Oliveira na Clínica LP Saúde, no bairro de Prazeres, em 30 de outubro, descobriu que o médico que a atendia, Marlus Hayron de Almeida Florentino, não só tinha o CRM suspenso, como usava nos atestados da clínica a assinatura eletrônica do sogro, o médico Flávio Moreira Paes.
A Delegacia de Polícia de Prazeres, em Jaboatão dos Guararapes, na qual foi instaurado o inquérito, como revelou mais cedo o blog, apurou que o CRM – o registro legal de médico – de Marlus Florentino foi cassado. Embora se declarando habilitado para clinicar em Mato Grosso e no Pará, ele não renovou, no prazo de 90 dias, o CRM em Pernambuco. Os CRMs que tinha do Amapá e do Pará venceram em 2021, descobriu a polícia.
Tão grave quanto não possuir CRM legalizado, Marlus, que trabalhou na Clínica LP Saúde de Prazeres desde 2021, usava nos seus atestados a assinatura eletrônica do sogro, cujo CPRM – 3497-PE- é legal.
Na prática, Marlus se passava por Flávio Moreira Paes, cometendo falsidade ideológica, o que foi descoberto pela polícia ao confrontar sua figura, identificada por Amanda, com a assinatura diferente no atestado, pertencente a outro médico – justamente o sogro.

Ou seja: atendida em duas ocasiões na clínica (a primeira vez ocorreu em 16 de outubro), Amanda pensava que Marlus era Flávio, ao ler seus atestados. Flávio Moreira Paes, pai de Mariana Paes Florentino, que agrediu Amanda, como informou o blog, trabalhou na clínica LP Saúde em 2017.
Marlus pode pegar, se condenado na Justiça, penas de 15 dias a dois anos de detenção.
Flávio Moreira Paes, que foi professor-adjunto do Departamento Materno Infantil do Hospital das Clínicas da UFPE, e o dono da clínica, Rodrigo Tavares, foram indiciados como partícipes de exercício ilegal da Medicina e falsidade ideológica.
A figura jurídica de partícipe significa que o infrator não atuou diretamente no exercício ilegal ou na falsidade ideológica, mas concorreu intencionalmente para os dois delitos.
Se condenados, Flávio pode ser punido com penas de seis meses a dois anos de detenção, enquanto Rodrigo pode ser sentenciado de seis meses a cinco anos de detenção.

Rodrigo Tavares costuma se exibir nas redes sociais com carros de luxo e em viagens internacionais, como já divulgou o blog, em 30 de outubro, quando Amanda foi agredida na clínica. Não é médico, mas pode ser dono de clínica desde que haja um médico como diretor clínico, como na LP Saúde de Prazeres, cujo cargo é ocupado atualmente por Joaquim Godoi.
Foi indiciado pela polícia porque tinha pleno conhecimento, aponta o inquérito, das irregularidades do CRM de Marlus e do uso que fazia da assinatura eletrônica do sogro nos atestados