Por Noelia Brito — Na manhã desta terça-feira, 18, a Polícia Federal, em Pernambuco deflagrou a chamada fase ostensiva da Operação Além-Mar, que desbaratou quatro organizações criminosas dedicadas ao tráfico internacional de cocaína e lavagem de dinheiro do tráfico e de outros crimes como corrupção.
Chamam atenção não apenas os números impressionantes e inéditos dessa mega operação, que em dois anos de investigações, comandadas pela Delegada da PF Adriana Vasconcelos, apreendeu mais de dez toneladas de cocaína que seriam enviadas para Portos da Europa e de Cabo Verde, na África, via Portos brasileiros e apreensão de mais de R$ 50 milhões em bens de traficantes e associados, o que, segundo o delegado federal Eder Rosa de Magalhães, representante da Coordenação Nacional da Repressão a Drogas, Armas e Facções Criminosas, em Brasília, corresponde a dez por cento de todos os bens que foram apreendidos em todas as Operações realizadas pela Polícia Federal no ano passado, mas o fato de que à frente das investigações estejam três delegadas da Polícia Federal e uma Juíza Federal.
No comando da Superintendência Regional da Polícia Federal em Pernambuco está a Delegada da PF Carla Patrícia Cintra, ao passo que comandando a Delegacia Regional de Combate ao Crime Organização em Pernambuco está a Delegada da PF Mariana Cavalcanti. Já como responsável direta, desde o início das investigações, pelo sucesso dessa mega operação, está a Delegada da PF Adriana Vasconcelos, que é Chefe da Delegacia de Repressão a Drogas em Pernambuco. A decisão que autorizou a Operação foi também de uma mulher, a Juíza Federal da 4ª Vara Federal, Amanda Torres.

Segundo a Superintendente Carla Patrícia, o resultado espetacular da Operação Além-Mar comprova o porquê da Polícia Federal brasileira ser considerada uma das melhores do mundo. Segundo a Superintendente, essa foi uma Operação que merece ser estudada e a mais perfeita de que teve notícia em seus 20 anos de Polícia Federal.
Por sua vez, a Delegada Regional de Combate ao Crime Organizado em Pernambuco, Mariana Cavalcanti destacou a apreensão de mais de dez toneladas de cocaína: “É uma mudança de paradigma também da nossa Delegacia de Repressão ao Tráfico de Entorpecentes que não se satisfaz apenas em erradicar maconha, mas também em combater o tráfico internacional de cocaína e também na descapitalização das organizações criminosas”.
À Delegada da PF Adriana Vasconcelos, grande responsável pelo sucesso das investigações e que mereceu os elogios de todos os que participaram da coletiva, coube dar os detalhes da Operação, cujas investigações tiveram início com a apreensão de cocaína em veleiros no litoral pernambucano, nas proximidades de Fernando de Noronha.

Segundo a delegada Adriana Vasconcelos, no decorrer da fase sigilosa da Operação foram apreendidas mais de dez toneladas de cocaína, resultando num prejuízo de mais de R$ 200 milhões para os traficantes.
A delegada Adriana Vasconcelos apresentou todas as fases da ação criminosa das quatro ORCRIMs desbaratadas, hoje, pela PF. A primeira fase se iniciava no Paraguai, de onde partia a cocaína e onde, inclusive, foram cumpridos mandados em fazendas de traficantes, seguindo de helicóptero para São Paulo, onde a droga era armazenada, para, em seguida, ser transportada pela via terrestre, escondida em caminhões tanques de combustíveis ou de cargas transportadas por empresas pernambucanas que foram alvos da Operação. Essas empresas transportadoras pernambucanas levavam a droga para portos como o de Natal, no Rio Grande do Norte (principal destino por não ter “scanners”) e do Mucuripe, no Ceará, de onde a cocaína era “exportada” para a Europa e para Cabo Verde. Empresas situadas em São Paulo tinham a função de “lavar” o dinheiro da cocaína, inclusive funcionando como verdadeiros “bancos” privados desse esquema e de outros esquemas criminosos, inclusive ligados à corrupção.
Um fato curioso revelado pela delegada é que nos caminhões tanques eram criados compartimentos para esconder a droga, tornando quase impossível sua detecção, já que não é possível esvaziar o combustível durante as inspeções, mas o trabalho criterioso da inteligência da PF conseguiu desvendar também essa forma de esconder os entorpecentes traficados.
Até a publicação desta matéria haviam sido apreendidos 55 veículos apreendidos, 03 Helicópteros, 02 Aeronaves, 52 HDS, 74 celulares, 361 mil reais, 27 prisões e 139 buscas e apreensões. Dentre os presos, 5 empresários do ramo de transporte e combustíveis de Pernambuco. Os nomes das empresas envolvidas podem ser conferidos nas imagens fornecidas pela Polícia Federal e que postamos na matéria. A coordenação do cumprimento dos mandados nos 13 Estados foi do Delegado da Polícia Federal Márcio Tenório.