Da Redação do Blog – A ministra da Cultura, Margareth Menezes, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e a governadora Raquel Lyra (PSD) abrem amanhã (quarta, 23), no Salão Negro do Congresso, às 18h, a primeira exposição do xilogravador J.Borges após sua morte, aos 88 anos, em julho passado.
Organizada pelo colecionador de arte pernambucano Romildo Gastão, amigo do artista, a mostra “J. Borges: Poesia e Arte” terá 23 matrizes, 50 xilogravuras em preto e branco e coloridas e 60 folhetos de cordéis, tanto de autoria do próprio J.Borges quanto de outros cordelistas com capas ilustradas por ele.
Acompanha a mostra, que vai até 6 de junho, um luxuoso catálogo bilíngue com texto de Bené Fonteles, Joaquim de Arruda Falcão e de Romildo Gastão, que emprestou obras de sua coleção particular para a exposição.
Informa Romildo, funcionário do escritório de representação do governo de Pernambuco em Brasília, que a exposição terá três núcleos, para uma melhor compreensão do processo criativo de Borges: o Religião, que será o mais completo do artista exibido até hoje, e os núcleos Sertão e Povo Nordestino.

O núcleo religioso é o mais difundido e vendido, explica o curador, que conseguiu para a mostra um exemplar da xilogravura Sagrada Família, presenteada pelo presidente Lula ao Papa Francisco, que por isso acabou renomeada por J.Borges como a “Xilo do Papa”.
“Transformamos a exposição num recorte da vasta obra dele”, explica Romildo. Estarão na mostra obras emblemáticas de J.Borges, como as xilogravuras impressas Mudança de Sertanejo, O Monstro do Sertão, A Chegada da Prostituta no Céu, A Mulher que Botou o Diabo na Garrafa, Lampião e Maria Bonita, Coração na Mão, A Vida na Selva e Cavalo Marinho Completo.
A mostra inclui uma linha do tempo com os fatos mais importantes da vida do artista e um espaço para fotografias do público tendo ao fundo cenas típicas da obra de J.Borges. O objetivo, explica Romildo Gastão, é o de que, ao se fotografarem e postarem os registros nas suas redes sociais, os visitantes acabem incentivando mais visitações.
Revela ele que começou a discutir a exposição com Borges no início de 2024, para comemorar mais de 65 anos de atividades artísticas. Seria uma mostra modesta, com 25 obras no pequeno Espaço do Servidor da Câmara dos Deputados. Com a morte do artista, o Centro Cultural da Câmara resolveu ampliar a mostra e transferi-la para o Salão Negro, espaço nobre dividido com o Senado.

José Francisco Borges nasceu em uma numerosa família humilde em Bezerros, no Agreste, onde viveu durante toda a vida. Sua obra foi inspirada em fatos cotidianos, narrativas populares e lendas regionais. Iniciou a carreira como xilogravador para ilustrar suas próprias histórias em cordel, chamando atenção com títulos inusitados, como Cachorro dos Mortos, Uma Festa em Casa de Corno, A Vida Secreta da Mulher Feia, História do Contador de Mentiras, A Moça que Dançou Depois de Morta, A Filosofia do Peido
A obra de J. Borges influenciou gerações de artistas gráficos, além de ilustrar obras literárias relevantes, como O Lagarto, do português José Saramago, prêmio Nobel de Literatura, Palavras Andantes, do uruguaio Eduardo Galeano, e diversos clássicos infantis dos irmãos Grimm.
A grande exposição no Salão Negro é promovida pela Secretaria de Cultura e Fundarpe (Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco). Acima das diferenças partidárias e ideológicas, teve o apoio do deputado Carlos Veras (PT-PE), titular da Primeira Secretaria da Câmara, responsável pelo Centro Cultural, e da presidente da Comissão de Educação e Cultura do Senado, Teresa Leitão (PT-PE).