EXCLUSIVO, Por André Beltrão – A edição de hoje do jornal Correio Braziliense, o mais influente de Brasília, traz duas páginas inteiras de anúncios pagos, um na página 5, o outro na página ímpar seguinte, 7. Estampam a guerra entre as empresas automobilísticas sobre a prorrogação de incentivos fiscais para cinco delas na reforma tributária, a ser votada novamente na Câmara dos Deputados.
Na página 5, a Stellantis, dona da Jeep, em Pernambuco, a COA Cherry e a Mitsubishi, em Goiás, ressaltam que os incentivos que receberam geraram mais de 100 mil empregos diretos e indiretos e que compram mais de R$ 20 bilhões por ano em componentes e insumos de empresas de todo o país. São cinco as empresas beneficiadas – mais as Baterias Moura, também em Pernambuco, e a futura fábrica da chinesa BYD na Bahia -, mas só estas três assinam o anúncio. Elas já haviam publicado o mesmo anúncio no dia 7 passado.

Na página 7, General Motors, Toyota e Volkswagen, localizadas no Sudeste, criticam a extensão do incentivo a automóveis movidos à combustão, o que, segundo elas, não fortalece “o avanço tecnológico e ambiental”. Pedem explicitamente aos deputados a revogação dos dispositivos que renovam os incentivos até 2032 e, sem citar a Jeep, dizem que só a fábrica de Goiana fará o governo federal deixar de arrecadar R$ 5 bilhões, suficientes, conforme as três montadoras, para construir 1.600 creches e 2.550 escolas por ano.
Por um voto, os incentivos fiscais, que vencem em 2025 e consistem na redução do IPI, o Imposto sobre Produtos Industrializados, a ser substituído pela CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), não foram aprovados na primeira votação da reforma tributária na Câmara. Incluídos pelo Senado, voltam a ser votados pelos deputados, provavelmente na próxima semana.