Por Luiz Roberto Marinho – A ausência de um administrador há três meses e meio e a agressão a tiros do delegado Luiz Alberto Braga ao ilhéu Emmanuel Apory foram a gota d´ água e levaram parte dos 3.316 habitantes de Fernando de Noronha a lançar um duro manifesto defendendo a independência política e administrativa do governo de Pernambuco. O protesto também vai pedir punição do delegado que disparou um tiro contra um morador.
“Não vamos mais tolerar o desprezo com que o Estado de Pernambuco, em seus gabinetes abafados pelo mofo do clientelismo, tem tratado esta comunidade insular. Não aceitaremos mais ser administrados como colônia, explorados como enclave turístico, silenciados como povo”, enfatiza o manifesto.
Diz ainda que a população da ilha foi entregue “de bandeja à burocracia negligente, aos interesses de políticos distantes que jamais pisaram nas estradas da ilha”.

Afirma o manifesto, que tem DNA do PSB, que “eles nos veem como propriedade: um campo de pouso para turistas endinheirados, uma fonte de arrecadação sem retorno, uma vitrine para discursos ambientais vazios”.
O manifesto faz 19 exigências à governadora Raquel Lyra (PSD), entre as quais que visite Noronha, o que ela nunca fez depois de empossada. Defende a elaboração de um portal da transparência com informações sobre os beneficiários de autorizações de carro, moto e barco, TPU (Termo de Permissão de Uso e do Solo) e carteiras de moradores temporário e permanente e sobre o uso de recursos usados pelos integrantes do Conselho Distrital.
Os moradores convocaram para esta quinta-feira (15), às 10h, na frente do aeroporto, “manifestação pacífica pela justiça por Emmanuel”. O ambulante levou dois tiros na perna desferidos pelo delegado, na saída de um pagode, no Forte da Vila dos Remédios, na madrugada do dia 5, por ciúmes da namorada do policial.