Da Redação do Blog – Moradores do Conjunto Habitacional Juscelino Kubitschek, um conglomerado de 153 prédios-caixão no bairro de Rio Doce, em Olinda, na Região Metropolitana do Recife, denunciam que sumiu do site da Caixa Econômica o link “Reinserção dos proprietários em programas habitacionais do estado” e temem, por isso, ficarem alijados da possibilidade de adquirir novo imóvel no programa Minha Casa Minha Vida.
O site listava os principais itens para receber a indenização de R$ 120 mil pela interdição do imóvel em prédio-caixão, instituída por acerto entre o governo federal, governo de Pernambuco, Caixa Econômica, Ministério Público Federal e a associação das seguradoras, como depósito em até 15 dias da indenização e a obrigação de abrir mão de ações judiciais. O link para inscrição no Minha Casa Minha Vida, que em abril constava no site, desapareceu, dizem os moradores.
Em carta aberta à Câmara Municipal e à Prefeitura de Olinda a ser entregue na terça-feira (28), um dos movimentos dos moradores, o Coletivo Rio Doce Vivo, reivindica a abertura de canal de diálogo institucional e a realização de audiência pública pelos vereadores para debater os problemas dos proprietários dos prédios-caixão.
“Nosso objetivo é construir soluções justas, transparentes e duradouras, que devolvam dignidade às famílias que há anos enfrentam o abandono e o risco estrutural de suas moradias. Reiteramos nossa disposição para contribuir de forma colaborativa, respeitosa, propositiva, sempre em defesa da vida, da segurança e do direito à moradia digna”, diz a carta aberta, assinada pelo líder do movimento, o técnico em ótica Renato de Souza Lima.
Segundo ele, o auxílio-moradia concedido aos moradores que tiveram os apartamentos interditados, entre R$ 620 e R$ 1.200 mensais, registra atrasos de três a sete meses, conforme o valor – quanto mais elevado, o atraso é maior, como ocorre com o auxílio de R$ 1.200, não depositado há sete meses.

Informa Renato de Souza Lima que dos 153 prédios do Juscelino Kubitschek, 23 já foram demolidos. Calcula ele que metade dos moradores do conjunto habitacional aderiu à indenização de R$ 120 mil, considerada insuficiente para aquisição de imóvel mesmo no Minha Casa Minha Vida.
Erguidos nos anos 1970 em quase todo o país como habitações populares, os prédios-caixão foram construídos sem vigas, pilares e concreto armado e com material de baixa qualidade. Defeitos de construção são sua característica e por isso estão proibidos há 20 anos. Têm o nome por causa do formato.
Os desabamentos dos prédios-caixão já causaram 54 mortes na Região Metropolitana do Recife desde 1977, das quais 14 de uma só vez no Conjunto Beira-Mar, em Paulista, na RMR, em 2023. Estudo do Itep (Instituto de Tecnologia de Pernambuco) identificou 226 prédios-caixão com risco muito alto de desabamento e outros 2.120 com risco alto.
O OUTRO LADO
Procuramos a Caixa Econômica para explicar o sumiço do link e não houve retorno até agora. O espaço está aberto a manifestações e a reportagem pode ser atualizada a qualquer momento.








