Do Uol – O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), apontou a existência de uma infiltração de organizações criminosas na política do Rio de Janeiro. A afirmação foi feita na decisão que prendeu o presidente da Alerj, Rodrigo Bacellar (União), na manhã desta quarta-feira.
Ministro citou infiltração política em âmbito municipal, estadual e federal. O ministro define a interferência de Bacellar como “gravíssima” e diz que há fortes indícios de que o deputado também integra organizações criminosas, segundo relatório da Procuradoria-Geral da República baseado em informações da Polícia Federal.
“Uma das principais características das organizações criminosas atuantes no estado do Rio de Janeiro, além do domínio territorial mediante uso da força, e da capacidade de corromper agentes públicos e políticos em escala, é a infiltração política que tais grupos alcançaram nos últimos anos, seja na esfera municipal, estadual e federal.” – Alexandre de Moraes
Bacellar foi alvo da operação Unha e Carne, da PF, que apura o vazamento de informações sigilosas. As informações vazadas ocorreram no âmbito da Operação Zargun, que levou à prisão do também deputado estadual TH Joias (MDB), em setembro. A PF também cumpriu oito mandados de busca e apreensão, além de um mandado de intimação para cumprimento de medidas cautelares, todos expedidos pelo STF.
Bacellar teria orientado TH Joias a esvaziar casa antes da operação em setembro que o prendeu. Informações reunidas pela PF mostram indícios da conversa dos dois um dia antes da operação que prenderia TH Joias.
“O deputado estadual Rodrigo Bacellar, Presidente da Alerj, toma ciência prévia da ação policial, conversa com o principal alvo de tal ação e ainda o orienta sobre a retirada de objetos de interesse da persecução da residência.” – Alexandre de Moraes
Moraes destaca na decisão que a operação também visa compreender o vínculo de agentes políticos com o Comando Vermelho. “A facção é responsável pelo maior controle territorial do Estado do Rio de Janeiro, o que se traduz em milhões de votos no pleito eleitoral que se avizinha”, escreveu o ministro.
“A revelação dessa movimentação traz à tona toda a teia de interações e relacionamentos escusos existentes no cerne dos órgãos estatais. Todos esses elementos descortinam a existência de um verdadeiro estado paralelo, capitaneado pelos capos da política fluminense que nos bastidores vazam informações que inviabilizam o sucesso de operações policiais relevantes contra facções criminosas violentas, a exemplo do Comando Vermelho.” – Trecho da decisão de Moraes
A Alerj ainda não foi informada a respeito da prisão do presidente da casa. Em nota, a Alerj diz que irá “tomar as medidas cabíveis” quando tiver acesso a todas as informações. O UOL tenta contato com a defesa de Rodrigo Bacellar.








