Por Ricardo Antunes
Ele foi um dos maiores. Tímido, num meio de tanta vaidade e dinheiro, nunca teve sua obra reconhecida como deveria. Hoje nossa lágrima, vai para o cantor e compositor cearense Belchior. Humilde, quando chegou ao Rio ele disse que era “apenas um rapaz latino-americano sem dinheiro no banco”. Com medo da maldade da “cidade grande” pediu para que não sacassem a “arma do saloom”. Eu sou apenas um cantor”, disse. Era um despiste. Pouco tempo depois, como se veria, Belchior era muito mais.: Era um poeta, um outisder, um provocador.
E com sua fina ironia mandou essa no final, caso não “aceitassem” sua chegada no novo mundo do qual jamais retornaria : “Mas se você quiser me atirar mate-me logo, á tarde, ás três. Porque a noite eu tenho um compromisso e não posso faltar”.
Semana passada eu estava no mesmo domingo chorando ao ouvir álbum acústico “A Palo Seco” ( um dos últimos) que ele gravou junto com o grande violonista Gilvan de Oliveira . Somente uma semana depois, hoje. pude entender minha tristeza
.
Impossível registar num post o que ele escrevia e cantava.”Quando eu estou sob as luzes não tenho medo de nada. E a face da oculta da lua, que é a minha, aparece iluminada. Sou o que escondo, sendo uma mulher, igual a tua namorada, Mais o que vê, quando me mostra estrela, de gradeza inesperada.”
“Musa, deusa mulher cantora e bailarina. A força masculina atraí, não é só ilusão. A mais que a história fez e faz o homem se destina. A ser maior que Deus por ser filho de Adão. Anjo, Herói, Prometeu, poeta e dançarino. A glória feminina existe e não se fez em vão. E se destina a vida, ao gozo, a mais do que se imagina. O louco que pensou a vida sem paixão”. (De primeira grandeza)
E no “Pequeno Mapa do Tempo” ele dizia assim:
“Eu tenho medo e medo está por fora, medo anda por dentro do teu coração. Eu tenho medo que chegue a hora em que eu precise entrar no avião. Eu tenho medo de abrir a porta que dá pro sertão de minha solidão. Apertar o botão: cidade morta, placa torta indicando a contramão. Faca de ponta e meu punhal que corta e o fantasma escondido no porão”.
“Eu tenho medo um Rio,Port Alegre, um Recife. Eu tenho medo Paraíba, Paranapá.. Eu tenho medo, estrela do norte paixão, morte é certeza, medo Fortaleza, medo Ceará”. (Pequeno Mapa do Tempo)







