*Por Ricardo Bandeira de Melo — Levando em consideração que meu biorritmo está em baixa, uma grande falta de criatividade e inspiração me toma o corpo, logo, tive muita dificuldade de escrever alguma coisa boa nessa semana. Escrevi um texto inteiro sobre fake news e outro sobre algum assunto, que de tão irrelevante, sequer me lembro agora. Hoje, de última hora, ouvindo “O Guarany” de Carlos Gomes, veio-me um estralo: Escrever sobre Vinícius de Moraes, que teria feito aniversário no último dia 19 de outubro. Assunto interessante, leve e enriquecedor.
Vinicius de Moraes, como ele mesmo se autoproclamava “O branco mais preto do Brasil”, era diplomata, além de poeta, maior parceiro musical de Antônio Carlos Jobim (meu grande ídolo) e amante das mulheres, tendo ao todo 9 esposas ao longo de sua vida. Poucos sabem, mas os dois gênios acima citados eram primos distantes, por conta de uma família alagoana comum, que foi para o Rio no século XIX. Tom só descobriu isso, após Vinicius morto, mas dizia que ele não ligaria pra “essas histórias de família”, daí vocês podem observar que essa amizade transcendia a existência terrestre.

Tom brincava que o fígado de V.M deveria ser retirado e levado para estudos em alguma faculdade de medicina fora, pois o hepatograma estava impecável como o de um jovem de 17 anos. Ou seja, mais uma prova que o “cão engarrafado” era de fato seu melhor amigo. O diplomata era crente que o whisky ajudava na saúde e na circulação sanguínea, pelo menos, sabemos que fazia correr bem as ideias e esquecer melhor as paixões. O whisky estava para Vinicius como a heroína estava para os compositores de jazz.
Vinicius foi diplomata, viajou os quatro cantos do mundo. Quando lotado em Paris, recebeu em seus famosos saraus Sérgio Buarque de Holanda e seu filho Francisco, que viria a se transformar em Chico Buarque, visita esta que certamente influenciou a formação artística do então moçoilo. Vinicius era poeta por natureza, a diplomacia era um fardo que ele carregava com dores, tanto que ele foi “aposentado” por um motivo gravíssimo: foi acusado de “Boemia”. Quando ele tentava performar qualquer coisa, tenham sido apresentações musicais ou recitais de poesia, o Itamaraty o proibia de cobrar e era obrigado a estar sempre vestido de paletó e gravata, tento até horário para terminar, se bem me recordo.

Hoje, nosso poeta teria 113 anos, mas é curioso, que ele é tão imortal, que independe quanto tempo ele durou nesse plano. Eterno! Vinicius é eterno! E imortais são seus afor-sambas, compostos com caixas e mais caixas de whisky em seu apartamento no Parque Guinle, junto com seu eterno parceirinho Baden Powell. Eterna é a garota, que ainda passa a caminho do mar. Eterna é a Boa Música, que diferente que dito por Nelson Motta recentemente, existe SIM! Saravá!!
Viva Vinicius de Moraes, o grande poeta e diplomata!!!
A seguir, uma seleçãozinha de boas músicas para ouvir após esse texto e se inspirar.
- “Afrosambas” Vinicius de Moraes e Baden Powell
- “Deixa” Vinicius
- “Tarde em Itapoã” Vinicius e Toquinho
- “Samba da Benção” Vinicius de Moraes
- “Canção de Xangô” Vinicius de Moraes
- “Vai levando” Vinicius, Chico e Tom
- “Eu sei que vou te amar” Tom e Vinicius
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*Ricardo Bandeira de Melo cursa Direito, é Presidente do PRTB Jovem Pernambuco e estudioso de Ciência Política.








