Da Folha de São Paulo – Vídeo gravado por uma câmera de monitoramento de rua mostra que o advogado Luiz Fernando Pacheco, 51, bateu a cabeça no chão e ficou desacordado após ser agredido por um um ladrão, em um assalto em uma calçada de Higienópolis, bairro nobre da zona oeste de São Paulo, na madrugada da última quarta-feira (1º). A vítima morreu.
O crime ocorreu no cruzamento das ruas Itambé e Maranhão.
Momentos antes Pacheco havia deixado um bar na mesma região. A imagem obtida pela investigação mostra que o advogado permaneceu por cerca de 30 segundos apoiado um poste de metal onde ficam as placas de identificação de ruas, como se tentasse se equilibrar. É quando um casal se aproxima.
O ladrão roda em torno do advogado, observado pela parceira. O bandido aparenta colocar a mão no bolso de Pacheco, que tenta evitar a ação, mas é puxado pelo ladrão.
A mulher busca ajudar na ação, como se tivesse tentado dar uma rasteira na vítima. Na sequência, Pacheco é derrubado pelo comparsa e parece bater com a cabeça na calçada.
Com o advogado imóvel no chão, o bandido bota a mão no peito da vítima e volta a mexer em seu bolso. Ele pega o celular, observado pela jovem, que tira o relógio que estava no pulso de Pacheco. Os dois correm para deixar o local.
Nesta sexta, a polícia prendeu três suspeitos de participação na morte do advogado. A terceira pessoa teria dado cobertura ao casal.
O trio foi encaminhado para o 4º DP (Consolação). A investigação aponta para um latrocínio, que é o roubo seguido de morte. O laudo sobre a causa da morte de Pacheco ainda não ficou pronto, mas a Polícia Civil entende que houve um latrocínio, uma vez que os envolvidos na ação assumiram o risco de matar ao agredir o advogado.
De acordo com a Polícia Civil, Pacheco foi atacado pelo trio ao se demonstrar vulnerável, ou seja, estava sozinho. A investigação classifica o caso como um crime de oportunidade. Os bandidos teriam sido atraídos pelo relógio Rolex que a vítima usava.
Os detidos nesta sexta são o casal e um amigo deles. Imagens de câmeras obtidas pela polícia, algumas delas através do Smart Sampa da Prefeitura de São Paulo, mostram o trio junto. A Polícia Civil pediu a prisão temporária deles, que precisa ser analisada pela Justiça.

Além do relógio, o advogado teve o celular roubado.
O advogado estava sem documentos, e sua identificação só foi feita no dia seguinte, depois de exame das impressões digitais realizado pelo Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt. Ele constava como desaparecido no sistema da polícia com uma queixa registrada no dia em que foi morto.
Após coletar imagens de câmeras de segurança que mostram Pacheco deixando um bar momentos antes do crime, a polícia também solicitou exame toxicológico a fim de identificar se havia presença de metanol no corpo do advogado.
A Polícia Civil publicou no início da noite desta sexta-feira um vídeo de Artur Dian, delegado-geral de São Paulo, que falou sobre as prisões. Ele chamou o crime de bárbaro.
“A partir do cometimento desse crime intensificamos as investigações”, afirmou. O vídeo da polícia mostra os suspeitos sendo presos.
Pacheco foi um dos fundadores do grupo Prerrogativas, que também se manifestou. “Estamos em luto. Ele era um dos advogados criminalistas mais brilhantes do país, da escola de Marcio Thomaz Bastos. Combativo, solidário e muito generoso, estava vivendo um momento muito feliz de sua vida, com a reconstrução do país, com a participação na gestão reeleita da OAB de SP e no grupo Prerrogativas. É uma perda muito significativa para toda a advocacia e para a sociedade brasileira”, diz o coordenador do grupo, Marco Aurélio de Carvalho.
Há mais de 20 anos atuando na esfera penal, Luiz Fernando Pacheco tinha iniciado sua carreira no escritório de Márcio Thomaz Bastos, no ano de 1994. Em 2000 tornou-se sócio do advogado, atuando em grandes causas como a do mensalão, em que comandou a defesa de José Genoino.









