*Por Claudemir Gomes — Eis a conclusão que cheguei após assistir as vitórias do Santa Cruz (3×0) sobre o Caruaru City (Campeonato Pernambucano) e do Sport (3×0) diante do Floresta (Copa do Nordeste). Os dois jogos, de péssima qualidade técnica, agradaram aos torcedores presentes aos estádios do Arruda, e da Ilha do Retiro, respectivamente, pura e simplesmente por conta do placar.
“Vencer é o céu!”, exclama o rubro-negro, Manoel Costa (Costinha), fazendo ecoar uma das maiores verdades do futebol. No dia seguinte, como de costume, ligo o rádio em busca de resenhas que me atualizem sobre o futebol local. Afinal, queria saber quando seria disputada a outra partida do quadrangular – Sport x Salgueiro – que indicará o último semifinalista do Estadual. Ninguém soube responder. Ofereci um chocolate Sonho de Valsa a quem me desse uma resposta concreta. Silêncio absoluto.
O blá, blá, blá dos programas esportivos estava no mesmo nível do futebol apresentado por Santa Cruz e Sport. Sem sofrimento, a saída foi desligar o rádio e aguardar o clássico entre Real Madri e Barcelona, que teve o registro de uma goleada histórica (4×0) da equipe catalã.

Não se chega ao subsolo por acaso. Também requer tempo para se enterrar um futebol como foi feito em Pernambuco. Não é necessário nominar causas, mas os efeitos devastadores obrigam a uma reflexão.
A solução não está em respostas prontas, bobas e imbecis que normalmente são apresentadas por esses gestores que enterram o futebol pernambucano.
Estranhos chegam ao ninho com suas megalomanias apresentando discursos recheados de sonhos de verão, nada condizentes com as reais necessidades do futebol da aldeia.
Lembro que, no primeiro ano da gestão de Evandro Carvalho, a frente da Federação Pernambucana de Futebol, a convite do então diretor de competições, Murilo Falcão, o acompanhei a uma viagem até a cidade de Pesqueira. A empolgação do novo burgomestre lhe levava ao delírio. Amigo do então presidente da CBF, José Maria Marim, preso nos Estados Unidos, Evandro falava na construção de quatro arenas no Interior Pernambucano. E todos ficaram aguardando a primavera do nosso futebol.
O tempo passou, o presidente da FPF perdeu prestígio na entidade nacional, e o futebol estadual se afundou na lama até chegar ao subsolo, onde hoje se encontra. A reboque, vieram as desastrosas gestões que apequenaram os três pilares do nosso futebol, os conhecidos grandes clubes do Recife: Sport, Santa Cruz e Náutico.
O futebol segue apaixonante com suas magias. As vitórias serão sempre recebidas como presentes dos céus, mas a realidade do subsolo é triste porque testemunhamos o apodrecimento das raízes.
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*Claudemir Gomes é jornalista e já cobriu 4 copas do mundo. Começou como repórter no Diário de Pernambuco e depois foi colunista e editor e vai escrever no blog toda terça feira. É um craque das palavras.








