Por Ricardo Antunes – Quem disse que nós jornalistas não temos medo? Quem disse que a gente não chora? O medo nesse vídeo é das imagens que ele viu e fez. É medo ao se perguntar porque os humanos chegam a tanta estupidez? É medo do que ainda estar por vir, do que ainda se vai constatar com a câmera na mão por entre escombros e pedaços de corpos por todos os lados.
É medo de perceber pessoas justificando um crime contra outro crime, numa barbárie sem fim. Em que momento mesmo perdemos a nossa empatia pelo outro? Para onde foi enterrada a esperança?
Quando nós esquecemos de Deus ou do divino? Onde foi mesmo que ultrapassamos aquele linha tênue que nos transforma de humanos em animais?
Por outro lado, ou melhor, do mesmo, o jornalista ouve as sirenes indicando que mais bombas estão vindo e podem cair sobre sua cabeça. É medo de morrer e medo de não poder continuar contando a história da insana guerra.
A única diferença do nosso medo é que, ao mesmo tempo, nós também temos coragem. E a paixão para contar o que estamos vendo e o que estamos sabendo.
Que o medo que habita em nós seja sempre um grito de coragem para dizer não a covardia que existe nesse mundo.









