Por Norton Lima Jr. – As análises perdem cada vez mais força preditiva para o imponderável. Por exemplo, quem imaginou que os Janjapetistas não resistiriam a uma única cantada química do tóxico Trump; e que imediatamente trocariam a resistência por taças de champanhe ao som de Bésame Mucho.
Até inventaram mais uma lenda movida à picanha, mesmo sem foto oficial ou registro oficial na Casa Branca há crédulos de Joesly a virar a mesa de negociação a favor do Lula. Deve ser primo de quem acredita que os Bolsonaro agiram para Trump agir contra Lula.
Comemorem, mas lembrem. Pra fumaça é preciso fogo; pra poeira, areia. Trump contradisse Lula em tudo.
1. Trump encerrou seu breve comentário sobre o Brasil afirmando: “So I’m very sorry to say this, that Brazil is doing poorly and will continue to do poorly. They can only do well when they’re working with us. Without us, they will fail just as others have failed. It’s true” — o Brasil (com Lula) está indo mal e continuará indo mal e fracassará distante dos Estados Unidos.
2. Trump acusou o Brasil (de Lula) de país repressor, intervencionista sem precedentes nos direitos e liberdades dos cidadãos, através de corrupção judicial, que mira e censura críticos políticos — “unprecedented efforts to interfere in the rights and freedoms of our American citizens and others with censorship, repression, weaponization, judicial corruption, and targeting of political critics in the United States”.
E mais:
▫️Trump chamou Nicolas Maduro de um dos piores ditadores do mundo — “one of the worst dictators in the world, destroying his country and sending hordes of criminals to our borders”.
▫️ Chamou o Haiti de estado falido controlado por gangues que exportam violência e migração ilegal — “failed state controlled by gangs exporting violence and illegal migration.”
▫️ Chamou a Nicarágua de Ortega de ditadura brutal e repressora — “brutal dictatorship repressing its people and encouraging uncontrolled migration flows.”
▫️ Chamou Cuba de estado opressor e patrocinador de terrorismo, ameaça a democracia no hemisfério — “state sponsor of terrorism, a oppressive regime threatening hemispheric democracy.”
Trump negou tudo que Lula firmou, opôs-se à enganação sobre a Venezuela, Haiti, Nicarágua, Cuba, Rússia e China.
Nem Trump nem Lula são acadêmicos, intelectuais. Ou fulanizam ou coisificam.
O discurso do presidente brasileiro foi inadequado para o palco global. Lula foi provinciano e eleitoreiro, minúsculo e autodestrutivo — como um náufrago a pingar dinamite no bote salva-vidas à deriva no mar.
Lula está desinformado sobre as questões mundiais e mente sobre a realidade brasileira. Virou um Che Guevara de hospicio. Assumiu ser autor até do mofado Foro de São Paulo.
O Brasil não saiu do mapa da fome — como diz a FAO presidida por um chinês picareta do PCC. E também não é um país seguro. Está no mapa do tráfico de drogas e armas. A instabilidade na América Latina é provocada pelo narcotráfico, que patrocina a violência urbana.
Lula está desinformado sobre a questão climática, algo apressado para conter a conquista do Ártico pela Rússia. E não passou de um reles dogmático ao chamar de “terra sem lei” a internet — uma vitória histórica da humanidade, pois encerrou a Era da Comunicação de Massa, finalizou o Determinismo filosófico e reabriu a avenida da reviravolta da subjetividade.
A internet não é terra sem lei, pertence a Liberdade que a humanidade almeja.
Lula estava apreensivo. Apesar de fazer referência direta, não citou Trump nem Netanyahu, nem Estados Unidos ou Israel. E pela covardia foi engolido. True baby real. A cada segundo de fala, Trump encolhia minutos do discurso do Lula. Trump deixou Lula sem-palavras.
Sem citar uma só vez a palavra Liberdade, Lula também imaginou rasgar a Primeira Emenda, a garantia da Tolerância que fundou os Estados Unidos, enquanto pregava a tal regulação, vertendo ódio, autoritarismo e bílis negra em nome de combater crimes não são combatidos ele governa — ou por querer ou não saber.
Também falou da autodeterminação da América Latina e Caribe, região exportadora de drogas. Condenou a comparação do tráfico de drogas ao terrorismo. E o uso da força letal no combate ao narcoterrorismo, porque “executa pessoas sem julgamento”. Pediu diálogo com o narcoterrorismo. E falou, para o colapso cognitivo geral, em “não rendição de rivalidades ideológicas.”
Karoline Leavitt, a porta-voz da Casa Branca, destacou que Trump apenas fez uma advertência, alinhando-se à estratégia de pressionar o Brasil por alinhamento geopolítico — Without us, they will fail just as others have failed.
It’s true. Ou assim. Ou assado. Só e só.
Esta é a encruzilhada e o dilema crescente das democracias: manter ou não relações com ditaduras? Por esses dias Putin — a máquina a soltar graxa — descreveu como “vantagem competitiva da Rússia” sua política “estável e previsível”. Em resumo, incorporou a ditadura na planilha, como “vantagem econômica”. Só faltava essa. Ouvir de Putin que democracias custam caro.
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Norton Lima Jr. É jornalista formado pela Universidade Federal do Ceará (UFCE).










