Com informações do TAB Uol – Sete ONGs sem histórico relevante receberam, só no último semestre, R$ 274 milhões em emendas parlamentares — R$ 219 milhões vieram de ONGs já suspeitas de desvio de verbas, reveladas pela série Farra das ONGs, do UOL.
As novas ONGs estão ligadas, direta ou indiretamente, às entidades investigadas. Elas foram indicadas por 21 parlamentares (19 do Rio e 2 do Amapá) e assinaram convênios com o Ministério do Esporte e a Unirio. Os projetos envolvem castração animal, esportes e qualificação profissional.
A maioria das ONGs não comprova capacidade para gerir os recursos. Mesmo assim, os convênios foram aprovados. O senador Romário (PL) lidera a lista de indicações, com R$ 21,3 milhões. Outros nomes incluem Sóstenes Cavalcante (PL), Otoni de Paula (MDB), Dani Cunha (União) e Dimas Gadelha (PT).
Conexões familiares e reincidência
A Associação Beneficente Pró Esporte (Abepe), que recebeu R$ 60,6 milhões, era até 2024 presidida por Raphael Duarte Gonçalves, filho de Cíntia Gonçalves Duarte, líder da ONG Con-tato (envolvida em suspeitas anteriores). Seu pai, Raphael da Silva Gonçalves, é apontado como articulador de emendas. O novo presidente da Abepe, Fausto Neto, já representou empresas que prestaram serviços a ONGs investigadas.
A ONG apresentou documentos frágeis para comprovar sua atuação, incluindo fotos genéricas e uma imagem da porta da sede. Ainda assim, sete convênios foram aprovados pela Unirio em dezembro de 2024.
Mais ONGs, mesmas ligações
O Movimento Cultural Social (MCS), com R$ 8 milhões em emendas, é presidido por Danilo Batista, ex-sócio de uma empresa contratada por outras ONGs suspeitas. Samira Deodato, figura presente em cinco ONGs do grupo, aparece como responsável técnica em documentos enviados ao governo.
O Núcleo Social Bem Viver, segunda ONG que mais recebeu (R$ 70,3 milhões), apresentou apenas um atestado de três páginas com projetos vagos. Seu presidente, Yuri Cardoso, trabalhou na ICA, também investigada.
O IPGI, com R$ 42,7 milhões, é presidido pelo advogado Carlos Gonçalves, que representou entidades suspeitas anteriormente. Sua principal prova de capacidade foi uma parceria não confirmada em registros oficiais. Mesmo assim, foi autorizado a executar projetos até de castração de animais.
Apesar de irregularidades e vínculos questionáveis, as ONGs foram aprovadas pelas instâncias responsáveis. Órgãos como CGU e TCU investigam os repasses.