Por Marco Antônio Barbosa
A
criminalidade afeta a vida de todos, direta ou indiretamente. Dos que choram
seus entes queridos até àqueles que se acham distante das periferias ou zonas
de altas taxas de violência. Mesmo atrás das grades de condomínios e com todos
os sistemas de segurança e tecnologias existentes, ela vai te atingir. Neste
ano, o Atlas da Violência, estudo realizado e divulgado este mês pelo Instituto
de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança
Pública, revelou que o preço dos produtos e dos serviços pode aumentar em até
30% por causa dos gastos relacionados à segurança.
O
roubo de cargas é o campeão nestes gastos. A pesquisa aponta que 13% das
empresas transportadoras faliram por não aguentarem os custos elevados para
manter um bem seguro dentro de seus caminhões em estradas com pouco
policiamento e à mercê de quadrilhas que prosperam a cada dia. Este ‘custo
violência’ influi também diretamente no valor de fretes.
Além
dos impostos já embutidos que encarecem nossos bens de consumo, os valores
absurdos gastos com segurança privada por parte das empresas, tratam de
deixá-los ainda mais caros. Como sempre, na ponta final está o consumidor, que
mais uma vez paga a conta (sem falar de impostos e outros tributos) de um
Estado que não consegue evitar assaltos, roubos e mortes.
É
essencial entendermos o grau de complexidade da segurança pública no país,
ninguém está a salvo dos reflexos e consequências. Por este motivo, a sociedade
precisa ser a chave da cobrança por mais inteligência na condução deste setor.
Não
basta somente investimentos, pois eles são feitos. O gasto com segurança
pública cresce ano a ano. É necessário um planejamento estratégico na hora de
investir. O crime organizado e suas tecnologias se mostram anos luz a frente
das nossas polícias. A burocracia do Estado barra ações integradas entre a
união. Sistemas de alinhamento de dados, estrutura em inteligência policial e
um sistema judiciário rápido e, também, integrado entre as federações está na
base da resolução do problema. O Brasil é um país continental e não pode ficar
nas mãos de políticas isoladas. O crime organizado age como um todo, sem
limitar fronteira de estados.
Enquanto
o Governo 'bate a cabeça’ e não consegue aprovar com rapidez os pacotes
anticrimes propostos, a população segue sentido as ‘dores do parto’. O tiro que
atinge um inocente, em um roubo seguido de morte, ou um caminhão que teve a
carga roubada em uma rodovia sem sinalização, iluminação ou policiamento, ecoam
na vida de todos os brasileiros.
É a
teoria do efeito borboleta, onde uma brisa em um continente pode proporcionar
um furacão em outro.
Então,
antes de mudar de canal ou passar sem ler as notícias de violência que assolam
o país, pense que o preço do seu computador ou da sua TV, por exemplo, ficam
bem mais caros por descasos com os crimes que nos cercam. Não deixe barato
também para nossos governantes. Envie essa notícia para o vereador, deputado ou
senador que você votou. Cobre e fiscalize. Somente assim este ‘efeito
borboleta’ pode virar de lado.
Uma
cobrança por e-mail pode apressar uma lei, que, no fim deste ciclo, deve
desarmar um criminoso. Desta forma, já estão nas nossas mãos a principal arma
contra a criminalidade. Use-a sem moderação.
Marco Antônio Barbosa é
especialista em segurança e diretor da CAME do Brasil. Possui mestrado em
administração de empresas, MBA em finanças e diversas pós-graduações nas áreas
de marketing e negócios.







