Por Ricardo Antunes
Talentoso, 27 anos, apontado como uma pessoa do “bem”, José Pinteiro da Costa Júnior fez uma carreira considerada meteórica. Em apenas alguns anos o DJ pernambucano, que despontou primeiramente no Norte e Nordeste, tornou-se um artista nacional e virou figura carimbada nas maiores festas do eixo Recife, Rio e São Paulo.
Em pouco tempo foi do céu ao inferno. Passou cerca de dois meses no Centro de Observação Criminológica e Triagem Everardo Luna (Cotel) em Abreu e Lima, na Região Metropolitana do Recife.
Se Jopin é culpado ou inocente a justiça vai dizer mas uma coisa é certa: Ele não pode ser linchado publicamente pelo “tribunal da inquisição” do Facebook apenas porque está continuando seu trabalho.
Particularmente e, em termos de imagem e exposição na mídia, talvez tenha sido um erro o anúncio de sua volta aos palcos tão rapidamente. Jopin e os que o cercam não devem ter lido Baltasar Gracián, um jesuíta espanhol do século XVIII que ensinava: “As coisas não passam pelo que são e, sim, pelo que parece,
E parece mesmo “arrogância” ele voltar a se expor pouco depois de ficar em evidência em um episódio que pode, no futuro, decretar o fim de sua carreira
O que ninguém pode negar, no entanto, é que o rapaz que arrasta multidões em todas as festas tocando sua line up, tem o direito de seguir sua vida, fazendo o que mais gosta.
Nem julgado ainda ele foi. E a Constituição é clara quando diz que ninguém será considerado culpado até o trânsito e julgado. O contrário disso é o “império sem lei” onde as pessoas são “justiçadas” por serem pobres ou ricas, pretas ou brancas. E a anarquia jurídica é o primeiro passo para se acabar com o estado Democrático de Direito.
Nós da imprensa também temos uma boa parcela de culpa nisso tudo. Lembrai-vos do caso da Escola de Base.
#Relembre o caso
O Caso Escola Base começou em março de 1994, em São Paulo (SP). Onde donos de uma escola infantil, bem como o motorista do transporte escolar e um casal de pais de um aluno, foram acusados por duas mães de abuso sexual.
Sem maiores provas, porém, à conduta precipitada da polícia, com a cobertura da imprensa, o conhecido Caso Escola Base recebeu grande repercussão. Embora nenhuma prova de abuso sexual tenha sido encontrada – apenas a denúncia – a credibilidade da Escola de Educação Infantil Base começou a ruir.
A notícia foi veiculada no Jornal Nacional, da Rede Globo. A mídia explorava o sofrimento das mães e deixando de lado a ética jornalística. Até esse momento, os suspeitos sequer haviam prestado depoimento à polícia.
Somente em junho do mesmo ano, o delegado Gérson de Carvalho inocentou os acusados envolvidos e o inquérito policial foi arquivado. Porém, a imprensa já havia culpabilizado todos eles, embora tenha iniciado a sua série de retratações – nunca na mesma potência – focando nas verdadeiras vítimas.