Por Ricardo Antunes — Em meio à crise entre Poderes, o presidente do STF, Luiz Fux, tem encontro marcado à portas fechadas com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM), e depois com o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), nesta quarta-feira (18). Quem vê de perto o ruído institucional traduz as agendas como um aceno aos interessados pelo diálogo. E que se justifica por modos e falas de Jair Bolsonaro que o isolam cada vez mais na cena política.
Enquanto o presidente da República fala em impeachment de ministros do STF, o presidente do Senado diz que o Brasil tem outras prioridades. “Não é algo recomendável pra um Brasil que espera uma retomada do crescimento, uma pacificação geral, uma pauta de desenvolvimento econômico, de combate à pobreza, de combate ao desemprego. Então essa pauta propositiva do Brasil ficaria muito prejudicada com o esgarçamento das instituições”.
O presidente Arthur Lira também mostrou que essa pauta não será da Câmara dos Deputados. “O Brasil tem muitas pautas importantes e precisamos ter todos autocontenção para não atrapalhar o país na retomada do crescimento”, disse Lira.
Em resumo, o presidente está cada vez mais sozinho e sem a disposição do Senado e da Câmara dos Deputados para os seus devaneios.
ARTIGO 142
O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), o general da reserva Augusto Heleno, disse em entrevista á rádio Jovem Pan na segunda-feira que o Judiciário vem aumentando as tensões e que pode haver uma intervenção das Forças Armadas no país “num caso muito grave”, citando o artigo 142 da Constituição.

INACEITÁVEL
Aposentado do STF desde o ano passado, Celso de Mello se manifestou contra as declarações do general. “A distorcida interpretação do artigo 142 da Constituição é repugnante e inaceitável”, disse o ex-ministro do STF. Para Celso, aquele que admite a mera possibilidade de intervenção “atenta contra a democracia”.
SÉRGIO REIS
Por motivo semelhante, o cantor e ex-deputado federal Sérgio Reis é alvo em representação criminal assinada por 29 subprocuradores federais do MPF. O documento cita manifestações de Reis convocando manifestações contrárias aos poderes da República.
RACHA
Neste clima de “conflagração”, a convocação do ministro da Defesa, Braga Netto, para depor na CPI da Covid tem rachado o G7, grupo majoritário de senadores da comissão. Integrantes da cúpula da CPI, como o relator Renan Calheiros (MDB-AL), defendem que o colegiado só deve encerrar os trabalhos depois que ouvir o general. Não há, porém, consenso sobre o tema.

ESTICANDO A CORDA
Parte dos senadores avalia que, neste momento, seria “muito inoportuno” chamar Braga Netto para depor e que a ação “esticaria a corda” em meio à crise entre os poderes.
CONSPIRAÇÃO
Para piorar o clima de tensão, o Planalto vê inimigos até em aliados políticos. Segundo o colunista Lauro Jardim, uma das irritações de Bolsonaro o vice Hamilton Mourão, seria a suspeita que o encontro com Luís Roberto Barroso teve como objetivo o acerto da cassação apenas do presidente e não da chapa (o que inclui o vice) em processo do TSE.
DIVISÃO
Lula encontrará o PT do Ceará dividido ao desembarcar na terra de Ciro Gomes na sexta-feira. O impasse é a candidatura ao governo do estado. José Guimarães (PT-CE) tem dito que a prioridade do partido é lançar o governador Camilo Santana ao Senado. E completa que a legenda não deve ter um nome para a disputa ao governo.

IMPASSE
A posição não é consenso. Os deputados Luizianne Lins e José Airton Cirilo defendem que o PT tem de lançar, sim, uma candidatura à sucessão de Santana. Refutam qualquer possibilidade de apoiar um nome ligado a Ciro Gomes num possível acordo que tenha o governador como candidato ao Senado nessa aliança.
ELBA
Elba Ramalho completa 70 anos nesta terça-feira (17). A cantora, que ao longo dos últimos 40 anos construiu uma das carreiras mais relevantes da música popular brasileira, celebrou a data por meio de publicação nas redes sociais. Famosos também publicaram série de homenagens à artista.
VOZ
De acordo com o Ecad, Elba já pôs sua voz em 957 gravações. De todas elas, “De Volta pro Aconchego”, de Dominguinhos e Nando Cordel, foi a mais tocada nos últimos cinco anos em rádios, sonorizações de ambientes e casas de festa e diversão. Depois vêm “Chão de Giz”, de Zé Ramalho, e “Entre o Céu e o Mar”, de Roger Henri e Dudu Falcão.
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Coluna do Ricardo Antunes, Terça-Feira 17/08/2021.
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*Ricardo Antunes é jornalista, repórter investigativo e editor do Blog do Ricardo Antunes. Tem pós graduação em Jornalismo político pela UnB (Universidade de Brasília) e na Georgetown University (EUA). Passou pelo principais jornais e revistas do eixo Recife – São Paulo – Brasília e fez consultoria de comunicação para diversas empresas públicas e privadas.