Por Ricardo Antunes – Reeleito para mais dois anos como presidente do Senado, Rodrigo Pacheco comemorou com um sorriso amarelo. O semblante meio tenso durante a votação deu lugar a um alívio pela vitória, conquistada por 49 votos a 32 contra o bolsonarista Rogério Marinho. O resultado foi aquém das projeções, que colocavam Pacheco com uma margem de 52 a 55 votos – as mais otimistas beiravam a faixa de 60. Mas o apadrinhamento do ex-presidente da Casa, Davi Alcolumbre, acabou jogando um pouco contra, revelam fontes.
A sorte de Pacheco derivou dos apoiadores de Marinho: o ex-presidente Jair Bolsonaro e a ex-primeira dama Michele Bolsonaro. A interferência e a contrainformação nas últimas 48 horas antes da eleição acabaram trazendo uma pressão negativa para a candidatura. Há quem diga que se não houvesse tanta midiatização, poderia ter ocorrido uma zebra ou uma vitória por meros cinco votos de diferença.
Pacheco foi reeleito em primeiro turno, com oito votos a mais que os 41 necessários. Não deixou de ser um resultado expressivo, mas a contabilidade de aliados, ansiosos por uma vitória acachapante, acabaram por fazer do resultado algo um tanto amargo. Afinal, o senador mineiro disputou contra um novato na Casa, que apesar de ter sido ex-ministro do governo anterior, não gozava de tanto trânsito assim. Terminar com 32 votos, na circunstância de Marinho, foi um tremendo resultado.
A eleição cacifou os bolsonaristas no Senado e deu densidade política. Coloca a necessidade de uma melhor distribuição das comissões e benesses para a oposição. Ainda joga Pacheco numa posição de depender do governo federal para qualquer eventual pretensão. Ou seja, o presidente Lula deve estar rindo até agora, já que o presidente do Senado chega meio cabisbaixo nesse início de mandato. Não poderá fazer muita gracinha, diferente de Arthur Lira, que bateu o recorde em sua reeleição como presidente da Câmara dos Deputados. O ano legislativo começou de fato agora.
DISCURSO
O deputado Arthur Lira (PP-AL) fez referências a condenações da Lava Jato e eco às falas do presidente Lula (PT) durante abertura do ano Judiciário. Lira criticou o “processo de criminalização da política”, no discurso após confirmada sua reeleição para a Presidência da Câmara.
PRIMEIRO SECRETÁRIO
O deputado Luciano Bivar (União-PE), reeleito primeiro-secretário da Câmara dos Deputados, afirmou que pretende manter os projetos de inovação tecnológica que permitiram à Câmara o pleno funcionamento durante a pandemia de Covid-19. “A Câmara se saiu muito bem, especialmente na parte da informatização do processo legislativo e eu espero que continue assim”, disse.
”ESQUEMA”
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, atribuiu a derrota de Rogério Marinho (PL-RN) na disputa pela presidência do Senado ao empenho do governo Lula na reeleição de Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
PESO
“Lutar contra o governo é muito difícil. Eles têm muita força, têm uma bancada grande”, afirmou Valdemar. Pacheco teve 49 votos e Marinho 32.
CONTROLE
Flávio Dino assinou na segunda-feira uma portaria que dá 60 dias para que todas as armas de fogo do país sejam cadastradas no Sinarm (Sistema Nacional de Armas), gerenciado pela PF.
RESTRIÇÃO
Além de reforçar a mensagem de que o governo quer aumentar o controle sobre o tema, a medida diminui a ingerência do Exército na questão armamentista, em prol do Executivo.
NAUFRÁGIO
O Ministério da Defesa e a Marinha confirmaram que vão afundar o porta-aviões desativado São Paulo, que está vagando há meses no mar após ter a entrada vetada no Brasil e no exterior por conter uma substância tóxica no casco.
ALIADO
Aliado de Priscila Krause, o vereador Alcides Cardoso (PSDB), assumiu, em reunião solene nesta quarta-feira (1º), a liderança da oposição à gestão do prefeito João Campos (PSB) na retomada dos trabalhos parlamentares da Câmara do Recife. O tucano está em seu primeiro mandato na Casa de José Mariano.
NEM O PSB CONSEGUIU
O PSDB pernambucano conquistou em um mês de governo algo que nem o outrora poderoso PSB alcançou em 16 anos de poder. Além de comandar o Palácio do Campo das Princesas com Raquel Lyra, o tucanato passou a controlar a Casa de Joaquim Nabuco, após a vitória de Álvaro Porto como presidente da Alepe.
HISTÓRICO
Eduardo Campos teve o pedetista Guilherme Uchoa nos seus oito anos de governo, enquanto Paulo Câmara conviveu com Uchoa, Cleiton Collins (PP) e Eriberto Medeiros, que passou o tempo todo no PP e só em 2022 se filiou ao PSB, para disputar um mandato de federal.
PEGOU MAL
Repercutiu e muito a crítica do Blog ao posicionamento Fernando Dueire (MDB) que votou em Rogério Marinho contra Rodrigo Pacheco para a presidência do Senado. Ele é suplente em exercício do senador Jarbas Vasconcelos (MDB) e não teve nenhuma cerimônia de assumir que virou “bolsonarista” com o gesto.
CARNAVAL
A Prefeitura da Cidade do Recife, confirma o retorno do BCL Flabelo Encantado, ao palco do Marco Zero. Na segunda de carnaval (20). O tema será “Recifeliz cidade”, uma música de autoria do compositor e cientista político Ricardo Andrade. Bela iniciativa da PCR e mais que justa.
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