Do G1 – “Ela está muito magra. Está desnutrida, debilitada, e eu também estou que nem ela. Não tenho nem o que falar, o importante é que achamos”. A declaração foi feita pelo pernambucano Reinaldo Junior, momentos depois de abraçar a cachorra Pandora, encontrada 45 dias depois de se perder no Aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo. A mãe de Reinaldo reconheceu o animal em uma mensagem de vídeo.
A cachorrinha vira-lata viajava entre os aeroportos do Recife e de Navegantes, em Santa Catarina, no compartimento de carga de um avião da Gol, em dezembro de 2021. Ela perdeu durante uma conexão. Desde então, o dono dela mobilizou milhares de pessoas numa campanha para encontrar Pandora.
O reencontro aconteceu na tarde deste domingo (30), depois que um funcionário do aeroporto encontrou a cachorrinha e ligou para a mãe de Reinaldo. A “avó” de Pandora, Terezinha Bezerra, reconheceu a cadela em vídeos enviados pelo homem que encontrou e foi buscá-la.
Imagens do reencontro foram publicadas nas redes sociais. Os vídeos mostram o momento em que Terezinha reconhece Pandora e se joga no chão, chorando, agradecendo a Deus por ter encontrado a cachorra. As imagens também registraram o primeiro abraço dela com a cachorrinha.
Segundo Reinaldo, Pandora se perdeu no Terminal 2 do aeroporto e foi encontrada no Terminal 3. No momento em que ela foi achada, o dono dormia, porque diariamente, das 5h às 22h, ele saía em busca da cachorra e entregava panfletos por toda Guarulhos.
“Meu sono está todo desregulado. Ele ligou para minha mãe por volta das 9h30. Agora, estou levando ela para o médico, porque ela está muito debilitada. Não desisti e estou muito feliz porque encontrei minha filha”, afirmou Reinaldo Júnior.
Quando Pandora se perdeu, Reinaldo estava viajando para Santa Catarina, onde passaria algum tempo antes de embarcar pra a Suíça. No país europeu, ele tinha uma promessa de emprego, que, segundo ele, não existe mais.
“Eu perdi tudo. Perdi minha cachorra, meu emprego, minha viagem e 16 quilos nessa busca por Pandora. Ela ficou debilitada de um lado e eu do outro. Mas o importante é que ela está de volta comigo”, declarou Reinaldo.
Empresa responsável pelo transporte de Reinaldo e de Pandora, a Gol disse que a cachorra destruiu a caixa em que estava, que era adequada para o transporte de animais do porte dela. Segundo Reinaldo, no entanto, não há sinais de defeito no compartimento.

Imagens de câmeras de segurança do aeroporto registraram o momento em que Pandora caminha sozinha pelo terminal, antes de desaparecer.
“Minha conversa com a Gol, agora, é via advogados. Quando eu estava procurando Pandora eles só me ignoravam. Ali era o momento para conversa. Agora, não”, disse Reinaldo.
O advogado Leandro Petraglia, um dos representantes dos tutores de Pandora, disse que a companhia aérea não deu apoio nas buscas, bem como a concessionária que administra o Aeroporto Internacional de Guarulhos.
“Não podíamos entrar no aeroporto para fazer as buscas. No dia 3, a Gol, que estava custeando a estadia deles enquanto durassem as buscas, expulsou Reinaldo e Terezinha do hotel. No dia 6 de janeiro, conseguimos na Justiça a permissão para adentrar e o direito de permanecer por mais um mês no hotel”, afirmou o advogado.
Leandro Petraglia disse, ainda, que pretende ingressar na Justiça com uma ação de reparação de danos morais e materiais, devido ao impacto emocional e financeiro da busca por Pandora, bem como pelo estado em que a cachorra foi encontrada.
“A Gol dizia que estava ajudando, com esforços, mas em nenhum momento vimos nada específico para as buscas. Reinaldo e Terezinha é que saíam todos os dias para procurar e panfletar”, declarou.
O g1 entrou em contato com a Gol para saber o posicionamento da empresa aérea, mas não obteve o retorno até a última atualização desta reportagem.