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Patrimônio de São Paulo, “Esquina musical de SP” tenta resistir ao tempo

Ricardo Antunes Por Ricardo Antunes
12/09/2021 - 19:30
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Do UOL — Quem passa pelo palacete Tereza Toledo Lara, na rua Quintino Bocaiúva, no centro de São Paulo, pode não imaginar a quantidade de memória adormecida entre suas paredes. Ele está de pé há 111 anos e foi erguido por um conde enriquecido pelo café, Antônio de Toledo Lara.

O térreo do prédio de arquitetura eclética é ocupado por lojas. Uma entrada dá acesso aos dois pisos superiores via elevador pantográfico e escadas. No primeiro andar funcionam a Casa Amadeus Musical, que vende partituras e instrumentos musicais, e a Casa de Francisca, lugar de shows. No segundo pavimento há um enorme salão de dança funcionando. O subsolo está vazio.

Restaurado apenas em 2010, o prédio enfeitado com estátuas, pináculos, máscaras e guirlandas esculpidas na fachada guarda “histórias maravilhosas”, segundo Tereza Artigas Lara Leite Ribeiro, bisneta do conde e dona do prédio.

“Algumas pessoas trabalharam nesse prédio por mais de 50 anos. E há histórias de hoje, de quem frequenta o palacete, o admira, se alegra, canta e dança nele”, conta Tereza, que vez ou outra visita a Casa de Francisca para assistir a shows de música.

Até meados de 1950, a Rádio Record estava instalada no edifício e o endereço ganhou o apelido de “esquina musical de São Paulo”. Era nele que os artistas da época eram alçados à fama na capital.

Um dos lugares preferidos de Adoniran Barbosa, o edifício atraía cantores de sucesso da era do rádio, como Francisco Alves, Orlando Silva, Angela Maria e Cauby Peixoto, enquanto admiradores fervorosos se amontoavam do lado de fora. Certa vez, Cauby teve as roupas rasgadas por fãs, assim que pegou a saída de emergência. Ficou só de cueca.

Além da rádio, o prédio abrigou editoras, como a Irmãos Vitale e Graúna, de partituras, além das famosas lojas de instrumentos musicais Casa Bevilacqua e Casa Vitale. Metade do subsolo era forrado de pianos. Na outra metade havia instrumentos, partituras e cabines de audição de vinis.

Na fachada, um contrabaixo e violões expostos na varanda do primeiro andar chamam a atenção de quem passa. Eles pertencem à Casa Amadeus Musical, batizada em homenagem ao compositor clássico austríaco Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791), inaugurada em 2009 onde era a Casa Bevilacqua, herdando parte do espaço da antiga Rádio Record.

Palacete Tereza Toledo Lara, conhecido como a esquina musical de São Paulo - Fernando Moraes/UOL - Fernando Moraes/UOL
Homero França e Renilson Gama, na Casa Amadeus Imagem: Fernando Moraes/UOL

Resistência cultural

Homero França, 70, começou a trabalhar em lojas de discos em 1971 e entrou na Casa Bevilacqua em 1978. Hoje, é colaborador da Casa Amadeus Musical. Renilson Gama, 48, seguiu caminho bem semelhante. Começou como empacotador de discos de vinil na Casa Bevilacqua ainda adolescente, em 1986. A acompanhou quando ela foi para o Shopping Morumbi, mas logo voltou ao prédio histórico para trabalhar na Casa Vitale. Hoje é gerente e um dos sócios da Casa Amadeus Musical.

Carregando uma lupa na mão, Manuel Adorno, 73, um homem franzino de cabelos brancos, entra na casa. Freguês das antigas, ele frequenta o espaço há mais de 40 anos, desde que era Casa Bevilacqua.

Depois de uma hora examinando partituras, foi embora levando algumas peças do músico de choro Jacob do Bandolim. “Esse livro que estou levando está esgotado em outras lojas. Nem em sebo se acha mais… Coleciono essas raridades. Se pegar fogo na minha casa, não tem bombeiro que apague”, diz ele, que toca bandolim, violão e cavaquinho.

Além de livros e partituras — há mais de 20 mil no catálogo —, a loja vende acessórios musicais, CDs e instrumentos musicais.

“Antes, o ataque que a gente sofria era a turma que xerocava partitura e uma música virava 50. Agora é mais violento, com os PDFs, os downloads da internet”, diz Renilson. “Para ter um preço razoável, você tem que imprimir, no mínimo, mil partituras. Dessas mil, são colocadas nas lojas no máximo 50. Delas vão sair cópias e cópias e cópias e 950 ficam encalhadas. Antes a gente vendia 10 por dia. Hoje, não”, acrescenta Homero.

A pandemia fez a Casa Amadeus fechar as portas por 84 dias. Sem uma loja virtual e com o fechamento das lojas vizinhas, o comércio sentiu o impacto. Estudantes de música, músicos de bandas e orquestras de igreja, que também pararam suas atividades, deixaram de comprar os produtos da loja. “Hoje a gente vê um êxodo de empresas que adotaram o home office. Quem vai tomar um cafezinho aqui na hora do almoço se as pessoas estão trabalhando em casa? Isso tudo está fazendo com que comércios morram, inclusive os centenários”, lamenta Renilson.

Casa Amadeus, no Palacete Tereza Toledo Lara, conhecido como a esquina musical de São Paulo - Fernando Moraes/UOL - Fernando Moraes/UOL
Além de instrumentos, a casa musical tem livros, partituras e uma seção de CDs Imagem: Fernando Moraes/UO
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Esquina não quer ser esquecida

O palacete é uma espécie de espelho da relação das pessoas com a música ao longo do tempo. Primeiro, sumiram os LPs das prateleiras com o advento do CD. Depois, os CDs, com a invenção do MP3. Muitas lojas do segmento não resistiram. “O rentável hoje é vender celular, porque a música está no celular”, observa Homero.

São os clientes antigos que ajudam a manter a Casa Amadeus em pé: professores de música que indicam o endereço aos alunos, pais e avós que passam para os filhos e netos o costume de frequentar a loja, habitués saudosos dos tempos da então Casa Bevilacqua.

A loja também vem recebendo gente nova e, claro, artistas. Homero conta que já atendeu Luiz Gonzaga, Jamelão, Chico César, Hermeto Pascoal e o maestro Júlio Medaglia. Renilson aposta na tradição para enfrentar as crises e tendências como a da música eletrônica. “Que influência o cara vai ter de querer tocar um instrumento se ele só vê um DJ com luzes e explosões? Ele vai querer ser DJ. O Brasil é uma aquarela. Embora uma certa massa vá para uma onda, sempre existirá o tradicional.”

Ao lado da Casa Amadeus fica a Casa de Francisca, fechada desde que a pandemia começou. Rubens Amatto, 42, diz que mal pode esperar para vê-la cheia de novo.

A casa era sucesso nos Jardins quando Rubens conheceu o palacete – foi amor à primeira vista. Ao mudá-la para o centro, em 2017, o proprietário buscou reproduzir os tempos áureos do prédio. “Foi uma série de shows com os artistas na varanda e o público na rua, fazendo uma espécie de uma reverência à época do radioteatro, quando o centro histórico estava no auge e aqui era a esquina musical de São Paulo.”

O palco da Casa de Francisca é o mesmo em que os artistas se apresentavam na Rádio Record. Antes da pandemia, realizava cerca de 25 shows por mês. Com as portas fechadas, o que mantém o negócio vivo é a contribuição do público e de empresas, já que o apoio da Secretaria de Cultura foi muito tímido, segundo Rubens.

Artista gráfico e empresário, ele quer que a casa seja cada vez mais acolhedora e acessível, sem um muro separando artistas e fãs. “É uma casa que tenta tirar o artista do Olimpo e trazê-lo para perto. Isso permite que o público tenha uma relação com o trabalho do artista de uma maneira mais profunda. E o artista também acaba se humanizando mais, sem o aparato cheio de escudos dos grandes palcos”, afirma.

Para apaixonados por música como Rubens, Renilson, Homero e Tereza, resistir na antiga esquina musical é o primeiro passo para devolver a vitalidade que o centro de São Paulo teve um dia.

Tags: MúsicaSão Paulo
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Ricardo Antunes

Ricardo Antunes

Ricardo Antunes é jornalista, repórter investigativo e editor do Blog do Ricardo Antunes. Tem pós-graduação em Jornalismo político pela UnB (Universidade de Brasília) e na Georgetown University (EUA). Passou pelos principais jornais e revistas do eixo Recife – São Paulo – Brasília e fez consultoria de comunicação para diversas empresas públicas e privadas.

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