Por Ricardo Antunes — Escolhido desembargador do Tribunal de Justiça de Pernambuco em outubro, o ex-procurador geral de Justiça do Ministério Público do Estado, Paulo Augusto Freitas, iniciou o ano com uma derrota fragorosa. Ele trabalhou como nunca se viu para emplacar todos os nomes da lista tríplice para a escolha de seu sucessor. Ainda espalhou, graças a Blogs parceiros, que tinha uma boa relação com a governadora Raquel Lyra (PSDB), e que esta precisaria sentar e ouvir o MPPE. Paulo Augusto terminou emplacando dois nomes de seu grupo político, mas a tucana optou pelo terceiro nome, o mais votado, Marcos Carvalho, como nosso Blog antecipou com exclusividade.
Carvalho foi o segundo mais votado da lista tríplice de 2021, e assumiu em novembro do ano passado, após Paulo Augusto “esticar a corda” e ficar o tempo máximo como procurador geral antes de assumir como desembargador. Nos bastidores, a postura despertou revolta entre muitos procuradores e promotores do MPPE. Na surdina, no entanto, o recado foi dado: Paulo Augusto não poderia ser desembargador e querer, ao mesmo tempo, continuar mandando na Procuradoria Geral. Como não se pode acender duas velas, a reação foi imediata. O mais votado, Marcos Carvalho, é ligado a aliados da governadora, e a força destes prevaleceu sobre a ingerência política do antigo chefe da instituição.

Outro fator de desgaste foi que Freitas era oriundo do grupo de Francisco Dirceu Barros, também ex-procurador geral e que concorreu novamente à lista tríplice. Após exercer seus dois mandatos na PGJ, Dirceu indicou Paulo Augusto, que era seu Chefe de Gabinete, ao cargo, e esperava reciprocidade no futuro, mas o atual desembargador foi se afastando aos poucos e criando outro grupo próprio. Agora, o processo zerou novamente com a vitória de Marcos Carvalho, que deve fazer uma gestão que agradará também o grupo mais conservador do MPPE.