De o Globo com Redação do Blog – Como o Blog antecipou com exclusividade na segunda-feira (11), a proposta de Emenda à Constituição (PEC) das drogas foi aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) nesta quarta-feira. O texto que endurece a criminalização da posse e porte de substâncias ilícitas é um embate direto com o Supremo Tribunal Federal (STF) que julga o mesmo tema, atualmente, com entendimento no caminho oposto.
A votação foi simbólica com o registro dos votos contrários dos senadores do PT e do senador Marcelo Castro (MDB-PI).
Agora, o texto segue para plenário da Casa, onde precisará do aval de no mínimo 49 senadores em dois turnos. Depois disso, a PEC ainda precisará passar pela Câmara antes de ir à sanção ou veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
No início do debate, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), pediu a realização de uma sessão de debates para tratar sobre o uso medicinal da maconha.
— Quero fazer uma audiência não para esse pessoal que quer o uso recreativo, mas trazer um senhor de 90 anos que não se levantava. Acabei de vir nos EUA e está na prateleira, ‘óleo de canabidiol’ — disse.

A partir de agora, as audiências só poderão ser realizadas no plenário do Senado. O presidente da Casa e autor da PEC, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse que pretende realizar cinco sessões de debate antes de colocar o texto em votação.
Efraim acatou uma alteração sugerida pelo senador Rogério Marinho (PL-RN). Antes da sugestão, o texto dizia que a posse e porte seria considerada crime: “observada a distinção entre o traficante e o usuário”. A alteração acrescentou ao fim dessa frase “todas circunstâncias fáticas do caso concreto”.
“Apresentamos esta emenda à PEC 45/2023 para solidificar na Constituição Federal a diferenciação entre usuários e traficantes de drogas, traçando linhas claras e objetivas que diferenciam a criminalização da posse para uso daquela destinada ao tráfico”, justificou Marinho.
A PEC não trata de quantidade de droga apreendida para a diferenciação entre usuário e traficante, ponto em debate na ação que trata do tema no STF.

O endurecimento de uma política de repressão aos usuários de drogas é algo que tradicionalmente é rejeitado pela esquerda.
— Sabe o que é que vai definir com essa PEC? Um pobre, em um local de pobreza, vilipendiado dos seus direitos alimentares, sem saneamento básico, iluminação pública, educação de qualidade e saúde, com cigarros de maconha, as circunstâncias fácticas ali serão a cor da pele e o local do crime. Agora, nos bairros nobres, aqui no Plano Piloto em Brasília, um jovem, com a mesma quantidade, pelas circunstâncias fácticas, vai ser tratado como usuário de circunstâncias— afirmou o senador Fabiano Contarato (PT-ES).
A proposta de Pacheco torna mais rígido o entendimento hoje em vigor, considerando crime a posse e o porte de drogas, sem autorização, independentemente da quantidade.