Exclusivo, por Ricardo Novelino – O ex-presidente do Sindicato dos Policiais Civis de Pernambuco (Sinpol) Áureo Cisneiros está de volta ao trabalho. Perseguido pelo ex-governador Paulo Câmara (sem partido), por causa de críticas e denúncias feitas durante o mandato de dirigente sindical, o comissário foi reintegrado por decisão da Justiça, depois de passar dois anos e oito meses fora do serviço público.
Em entrevista ao nosso site, nesta terça (15), ele disse, com exclusividade, o que pretende fazer: “Fui vítima de atentado à liberdade sindical. Fui usado como bode expiatório. Foram quase três anos de sofrimento. A meta, agora, é voltar ao Sinpol”, declarou.
A reintegração de Cisneiros aconteceu com atraso de quase seis meses. Enquanto a gestão de Câmara, então no PSB, fez de tudo para punir o sindicalista, o governo de Raquel Lyra (PSDB) demorou para assinar o retorno dele ao trabalho. “A gente já ia entrar com pedido de pagamento de multa de R$ 100 mil por dia por causa desse atraso”, declarou.
A volta do ex-presidente do Sinpol aos quadros da polícia foi possível graças a uma determinação da 1ª Turma do Superior Tribunal de Justiça. (STJ) Na segunda (14), ele recebeu a carteira funcional e o distintivo de policial civil. O ato administrativo ganhou cara de “desagravo político” e contou com a presença do deputado federal Túlio Gadêlha (Rede).
Na entrevista ao nosso site, Cisneiros falou também sobre os projetos para os próximos meses. Garantiu que não pretende se candidatar a nenhum cargo eletivo. “Estou desfiliado e não tenho legenda. Minha luta será no sindicato”, comentou.
Para ele, é preciso voltar a trabalhar para melhorar as condições dos policiais civis de Pernambuco. “Voltamos a ter o pior salário do país. As condições de trabalho pioraram muito”, declarou.
Para Áureo, o período em que ficou afastado da polícia serviu para entender bem o que aconteceu. “Sou único caso de sindicalista perseguido e punido com demissão por exercício da atividade sindical, desde a volta da ditadura militar, em todo o Brasil”, afirmou.
Ao reassumir o posto, o ex-presidente do sindicato dos policiais civis fez contato com o deputado Túlio Gadêlha para encaminhar algumas pautas da categoria. As preocupações são com a campanha salarial, a reestruturação das unidades policiais e a Reforma da Previdência.
Decisão
A demissão do sindicalista aconteceu em janeiro de 2021. Depois de vários processos administrativos, o governo de Paulo Câmara afirmou que a punição com perda do cargo tinha sido feita por justa causa.
Agora, o governo de Raquel acatou a decisão do STJ e ordenou a imediata reintegração de Áureo Cisneiros ao cargo. Afirmou que a decisão do processo administrativo que resultou em sua demissão “violou os princípios da proporcionalidade e razoabilidade”.
“Esse ataque do ex-governador Paulo Câmara não foi apenas um ataque a mim, mas também um ataque aos Policiais Civis e, acima de tudo, ao movimento sindical pernambucano. Felizmente, foi corrigido pela justiça”, avaliou.