Da Redação do Blog com informações da Assessoria de Imprensa – O prefeito de Itamaracá, Mosar Tato (PSB), e o deputado estadual Guilherme Uchôa Júnior (PSC), filho do ex-presidente da Assembleia Legislativa (Alepe) Guilherme Uchôa, que morreu em 2018, são os políticos investigados pela Polícia Federal (PF) pelo uso de casas lotéricas para lavar dinheiro de cofres públicos e de corrupção.
Os dois foram alvo da Operação Mapa da Mina, deflagrada ontem, 11, pela PF, em diversas cidades do estado. As informações sobre o envolvimentos dos políticos estão contidas em oito documentos com decisões da JFPE, divulgadas nesta quinta-feira, 12.
Além dos políticos, segundo a Justiça Federal em Pernambuco, foram alvo de mandados de busca e apreensão a viúva de Guilherme Uchôa, Eva Lúcia Goes Uchôa Cavalcanti Barbosa, e a filha do ex-deputado e esposa do prefeito de Itamaracá, Giovana Maria Góes Uchôa Cavalcanti Barbosa.
A Justiça Federal também confirmou o envolvimento do policial Pércio Araújo Ferraz e de Renato Correia de Lima, apontados como líderes da quadrilha. Pelo menos R$ 30 milhões teriam sido desviados pelo grupo.
Na quarta-feira, entre os bens apreendidos, segundo a PF, estavam carros de luxo das marcas BMW e Land Rover, além de documentos. Os mandados foram autorizados pela 13ª Vara Federal de Pernambuco. O processo tramitava em sigilo de Justiça, mas a divulgação dos nomes dos envolvidos foi autorizada.
A operação apurou que a quadrilha teria o apadrinhamento do ex-deputado estadual Guilherme Uchoa. Segundo a JFPE, como presidente da Alepe, o ex-parlamentar facilitava o acesso das empresas Alforge e Alfoservice a prestações de serviço a órgãos públicos, por meio do direcionamento de licitações.
Também foram identificados indícios de participação nos crimes as empresas FRV Soluções Terceirizadas, R&E Prestação de Serviços e Bunker Segurança e Vigilância Patrimonial Eirelli. Ao todo, mais de R$ 12 milhões foram transferidos das contas dos investigados para as loterias da família de Guilherme Uchôa.
As lotéricas investigadas são as seguintes:
– Loteria RioMar LTDA: pertence a Mosar Tato, Giovana Uchôa, e ao filho deles, Mosar de Melo Uchôa Cavalcanti Barbosa, e à viúva de Guilherme Uchôa, Eva Uchôa
– Loteria Sonho Meu LTDA: pertence a Eva Uchôa e a Guilherme Uchôa Júnior
– Sonho Certo Loteria LTDA: pertence a Eva Uchôa e a Mosar Tato
– Show Loterias LTDA: pertence a Eva Uchôa, Mosar Tato e a Guilherme Uchôa

– Mapa da Mina Loteria LTDA: pertence a Eva Uchôa e Guilherme Uchôa Júnior
Como funcionava o esquema:
Guilherme Uchôa foi eleito deputado estadual pela primeira vez em 1994 e permaneceu no cargo até julho de 2018, quando faleceu, aos 71 anos. Ele foi presidente da Alepe por seis vezes, desde 2006. Os investigadores acreditam que ele utilizava do cargo para facilitar a atuação do grupo criminoso.
De acordo com as investigações, o policial militar Pércio Araújo Ferraz seria o líder da quadrilha e teria movimentado, entre janeiro de 2012 e abril de 2018, R$ 29.623.197,03.
As dezenas de milhões de reais movimentadas por ele seriam incompatíveis com seu salário de PM. De acordo com o Portal da Transparência de Pernambuco, ele recebia, em média, pouco mais de R$ 12 mil líquidos por ser coronel da corporação.
Pércio, segundo a polícia, tinha aproximação com Guilherme Uchôa devido ao cargo. O oficial atuava como um dos responsáveis pela segurança da Alepe.
A operação
As cinco lotéricas, de acordo com a PF, são mantidas “apenas para viabilizar o processo de lavagem de dinheiro, já que não geram lucros reais para seus sócios”. Feitas desde 2013, as transferências ultrapassam R$ 14 milhões.
Ao todo, foram 25 mandados de busca e apreensão para endereços no Grande Recife, em Caruaru, no Agreste, e em Floresta, no Sertão, dentro da operação Mapa da Mina, que contou com apoio da Controladoria Geral da União (CGU).
A investigação começou a partir de outra ação da PF, denominada Decimus, que identificou um grupo empresarial comandado por oficial da Polícia Militar com atuação na área de vigilância e de serviços gerais. Apenas duas empresas desse grupo receberam, desde 2013, cerca de R$ 175 milhões dos cofres públicos. No entanto, a PF não informou se esse dinheiro teria sido desviado.
A PF afirmou que esse grupo teve “crescimento econômico vertiginoso a partir de 2013” através de contratos com entidades públicas municipais, estaduais e federais, mediante dispensas de licitação suspeitas ou processos licitatórios direcionados.