Do UOL – Três prefeitos brasileiros de cidades impactadas pelo tarifaço se reúnem a partir de hoje com prefeitos dos EUA para tentar sensibilizá-los e obter ajuda deles em negociação com o presidente Donald Trump contra a taxação extra de produtos nacionais.
Os prefeitos Andrei Gonçalves (MDB), de Juazeiro (BA), Anderson Farias (PSD), de São José dos Campos (SP), e Alexandre Ferreira (MDB), de Franca (SP), estão no estado de Oklahoma, onde participam do “Fall Leadership Meeting 2025”, uma conferência nacional de prefeitos dos EUA.
O encontro foi articulado pela FNP (Frente Nacional de Prefeitas e Prefeitos) para tentar um acordo de cooperação. O evento começou na noite de ontem, e os representantes brasileiros terão reuniões com cerca de 40 prefeitos entre hoje e amanhã.
Ao fim, devem lançar uma carta conjunta que será entregue aos governos brasileiro e norte-americano. Por que esses prefeitos?
Os prefeitos que representam o Brasil foram escolhidos pelos diferentes tipos de impacto gerado pelo tarifaço. Veja o que afeta cada cidade:
São José dos Campos é sede da Embraer, e o setor aeronáutico responde por 67,5% das exportações da cidade;
Franca exportou aos Estados Unidos, apenas no primeiro semestre deste ano, quase 6 milhões de pares de calçados, faturando US$ 112 milhões (R$ 600 milhões);
Juazeiro é líder nacional na exportação de manga e registrou em 2024 uma produção para o mercado externo de R$ 131 milhões.
“Vamos tentar sensibilizar os norte-americanos para que eles vejam que o grande perdedor são eles próprios”, diz o prefeito Andrei Gonçalves.
“Nesta época do ano, o único país que vende manga para os EUA é o Brasil. Outros países, como México e Peru, têm janela de exportação em outro momento”, exemplifica.

Ele explica que, durante praticamente seis meses, a manga do Vale do São Francisco é exportada exclusivamente para os EUA. “No primeiro semestre, vendemos para países da Europa e do Oriente Médio. No segundo, só exportamos para os EUA. Estamos falando de um produto perecível, que vai ficar na árvore e apodrecer”, lamenta.
“Os nossos pequenos produtores compram no comércio local, e as lojas de fertilizantes e adubo funcionam como um banco: eles fornecem os insumos e, à medida que os produtores vão vendendo, vão pagando a dívida. Esse tarifaço pode causar um efeito cascata.”
Andrei Gonçalves (MDB), prefeito de Juazeiro (BA)
Empresas norte-americanas em SP
Anderson Farias cita que o caso de São José dos Campos tem uma peculiaridade: além de atingir empresas brasileiras, afeta também companhias norte-americanas instaladas no município que exportam para os EUA. “Temos oito parques [industriais] montados lá. É o caso da Johnson & Johnson, que produz e exporta band-aid e que sofre também um impacto.”

“Achamos que o encontro vai surtir efeito porque nós, prefeitos, estamos na ponta e percebemos mais facilmente uma reclamação, por exemplo, da falta de manga no supermercado. A conversa vai abrir caminhos, e vamos apresentar uma carta ao fim, mostrando o quanto o Brasil representa na importação e que falamos de itens que os EUA não produzem.”
Anderson Farias (PSD), prefeito de São José dos Campos (SP)
No caso da Embraer, o prefeito lembra que o setor ficou fora do tarifaço com a publicação da lista de isenções. Mas afirma que a tarifa de 10% aplicada coloca a empresa em “situação de desvantagem dentro do mercado”. “Globalmente, essa taxa é zero”, diz.
Outro ponto de impacto é que, no entorno, diversas empresas fornecedoras da Embraer também sofrem com a redução das vendas.








