Por Luiz Roberto Marinho – Não foi apenas a governadora Raquel Lyra (PSD) que levou muito menos do que esperava das emendas de bancada no projeto da lei orçamentária da União de 2026: o prefeito João Campos (PSB), adversário dela à reeleição, também não foi atendido nos valores que solicitou para pavimentação de ruas.
A redução nas emendas de bancada, que pela legislação devem atender a projetos estruturantes, foi motivo de queixa pública de Raquel na reunião do Fórum da Competividade, na Fiepe (Federação das Indústrias de Pernambuco), na segunda-feira (24). Além de haver considerado irrisório o montante de R$ 20 milhões, ela fez comparação com a bancada do Ceará, que destinou R$ 415 milhões ao governador do PT Elmano de Freitas.
O pão-durismo da bancada federal, que ignorou alianças, apoios e preferências partidárias e ideológicas, se deveu a dois motivos principais, revelaram deputados, em confidência: 2026 é o ano da sobrevivência política de seus integrantes e, por isso, precisam ampliar a irrigação aos cofres das prefeituras, suas bases eleitorais essenciais à recondução à Câmara e ao Senado.

Outra razão está nos empréstimos vultosos obtidos pela governadora – um de R$ 1,5 bilhão, já negociado com os bancos, o outro de R$ 1,7 bilhão, em fase final de complicada tramitação, como o anterior, na Assembleia Legislativa.
Obviamente nenhum deputado ou senador mencionou a Raquel ou a João Campos, mas prevaleceu na bancada o seguinte raciocínio: “se tanto Raquel quanto João Campos estão nadando em dinheiro, por que vamos nos preocupar em mandar mais recursos para os dois se podemos atender melhor nossas bases eleitorais?”.
Em reuniões em Brasília com a bancada, os secretários da Casa Civil, Túlio Vilaça, e de Planejamento, Fabrício Marques, pediram dotação de R$ 50 milhões para a reforma do Hospital da Restauração, bandeira de Raquel Lyra na área da saúde. Levaram apenas R$ 9,9 milhões.
Houve, aí, uma razão adicional para negar os R$ 50 milhões: a compra que a governadora fez, por R$ 170 milhões, de um hospital privado, o Nossa Senhora Aparecida, em Paulista, na Região Metropolitana do Recife, para reforçar o atendimento durante o refluxo do Hospital da Restauração pelas obras de melhoria. “Se ela tem R$ 170 milhões para dar suporte à queda no atendimento do HR, por que liberarmos R$ 50 milhões para a Restauração?”, justificaram em segredo integrantes da bancada.
O prefeito João Campos não teve melhor sorte. Seu irmão, o deputado Pedro Campos (PSB), pediu à bancada R$ 20 milhões para obras de pavimentação urbana, um rico celeiro de votos para quem quer ser governador em 2026. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra: a bancada lhe deu apenas R$ 7,8 milhões, quase três vezes menos.








