Do PODER360 — O convite feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que o presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Josué Gomes, participe de reunião entre o chefe do Executivo e os comandantes das Forças Armadas foi recebido com estranheza pelos militares.
O encontro foi articulado pelo ministro da Defesa, José Múcio, para reaproximar Lula dos militares depois dos atos de extremistas que destruíram as sedes dos Três Poderes no 8 de Janeiro. A marcação da reunião foi antecipada pelo Poder360 em 17 de janeiro.

De acordo com o governo, Josué participará da reunião para falar sobre como impulsionar a indústria militar no país. A presença do empresário também seria para passar recado aos militares e lembrar aos comandantes das Forças Armadas que a relação de Lula com os fardados foi tranquila nos outros mandatos do petista. Não colou.
Segundo apurou o Poder360, a presença do presidente da Fiesp também desagradou os militares, que acham que Lula está usando uma reunião delicada para prestigiar o amigo, que teve a destituição do comando da Fiesp aprovada em assembleia. A entidade, no entanto, não reconheceu a validade da votação e diz que ele segue no “exercício pleno de suas funções”. Para os comandantes das Forças Armadas, a presença de Josué impede uma conversa franca e direta sobre segurança nacional com Lula.
José Alencar (1931-2011), pai de Josué, foi vice-presidente nos 2 mandatos de Lula (2003-2011). De 2004 a 2006, ocupou o cargo de ministro da Defesa e desenvolveu boas relações com os militares.

Vazamentos programados
Menos de 24h antes da reunião entre Lula e os comandantes, integrantes do Palácio do Planalto e do Ministério da Justiça vazaram informações a veículos de mídia com o objetivo de constranger os militares.
Nesta 6ª feira (20.jan), a revista Veja publicou mensagens que indicam que o GSI (Gabinete de Segurança Institucional) minimizou os ricos dos atos de 8 de Janeiro. De acordo com as conversas obtidas pela revista, o gabinete não deu ordens para militares agirem para evitar a invasão das sedes dos Três Poderes.
No final da noite de 5ª feira (19.jan), o jornal Folha de S.Paulo fez uma reportagem sobre um relatório elaborado durante a transição do governo que diz que ao menos 8 militares lotados na Presidência da República e no GSI participaram de atos contra a eleição de Lula em frente ao QG do Exército em Brasília. Dois dos militares citados foram dispensados por Lula. O Poder360 confirmou o conteúdo do documento.
Os vazamentos fazem parte de uma campanha contra o ministro José Múcio. Ele tem sofrido pressão por parte da alta cúpula petista, de dentro e fora do governo. Além disso, também é criticado pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, que já disse a Lula que considera o ministro impróprio para o cargo.
Por outro lado, Múcio tem apoio tem oficiais de alta patente das Forças Armadas. É visto como um político que tem preferência pelo diálogo. Também é defendido por ex-ministros da Justiça, como Nelson Jobim. Acham que Múcio e a pessoa certa no lugar certo.
Jobim e outros têm criticado a atitude do governo de adotar a prática uma política que ficou conhecida como “sem anistia”. A campanha busca criminalizar ao máximo integrantes do antigo governo, inclusive pedindo a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Para Jobim, uma “Retaliação generalizada” de Lula fortaleceria o ex-presidente e fomentaria a divisão na sociedade.
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