Do Estadão – O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), procurou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) com o objetivo de construir um acordo para reduzir algumas penas dos condenados pelo 8/1, com o intuito de pacificar o País. Segundo apurou a Coluna do Estadão, o deputado já conversou com pelo menos cinco ministros da Corte: Alexandre de Moraes, Luiz Fux, Dias Toffoli, Luís Roberto Barroso e Gilmar Mendes. Além disso, na viagem ao Japão, teve tempo de abordar o assunto com Lula, que teria apenas ouvido a proposta. Procurado, Motta não comentou.
Lideranças partidárias que têm amplo diálogo com o presidente da Câmara dizem que ele costuma agir “em silêncio” e, quando é indagado sobre temas ainda em construção, adota uma máxima: “primeiro a gente constrói o fato, depois noticia”.
Pesquisa Datafolha divulgada nesta segunda-feira, 7, mostrou que 56% dos brasileiros são contra a anistia. Além disso, 53% acham que o ex-presidente Jair Bolsonaro deveria ser preso por tentativa de golpe de Estado. Mesmo assim, é crescente o sentimento na população de que há injustiça, com penas excessivas em alguns casos.

Por isso, Motta tenta ampliar o diálogo por um acordo para “separar o joio do trigo” e garantir que o Supremo faça um ajuste nas condenações propostas, para separar quem planejou a tentativa de golpe e as pessoas que foram usadas como massa de manobra.
Em entrevista à Coluna na semana passada, o líder do PL na Casa, Sóstenes Cavalcante (RJ), disse que Motta procurava uma “saída salomônica” para a anistia aos condenados pela invasão dos prédios dos três Poderes em 8 de janeiro de 2023. O Placar da Anistia do Estadão – levantamento exclusivo para identificar como cada um dos deputados se posiciona sobre o tema – mostra que 200 dos 513 parlamentares da Câmara apoiam o perdão aos condenados.
A rejeição popular à anistia dá respaldo para Motta não pautar o projeto. Mas o PL de Bolsonaro insiste em tentar levar o requerimento de urgência para votação no plenário da Câmara. Nesta quarta-feira, 9, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), entrou em campo e começou a ligar para deputados de seu partido para convencê-los a assinar o pedido, após o PL mudar de estratégia e desistir de levar adiante a obstrução a votações da Casa.