Do Valor – O presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, tornou-se réu em ação da Justiça Eleitoral em que é acusado de receber R$ 5,1 milhões em propinas e caixa dois que teriam sido pagos pela Odebrecht.
O juiz Marco Antonio Martin Vargas, da 1ª Zona Eleitoral de São Paulo, recebeu a denúncia oferecida pelo Ministério Público Eleitoral de São Paulo por considerar haver indícios suficientes de autoria e materialidade de falsidade ideológica eleitoral, corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Com a decisão judicial, tem início o processo criminal no âmbito eleitoral.
A acusação recai também sobre o marqueteiro Duda Mendonça, o filho dele, Alexandre Mendonca, o doleiro da Odebrecht Álvaro José Novis, o presidente da empreiteira, Marcelo Odebrecht, três executivos da construtora e ainda o publicitário Paulo Luciano Tenuto Rossi — irmão do presidente nacional do MDB, deputado Baleia Rossi (SP), partido ao qual Skaf é filiado.
Conforme a decisão do juiz, as provas juntadas aos autos representam “conjunto de indícios, por ora, capaz de reforçar a convicção sobre o envolvimento dos denunciados no complexo esquema de pagamento de propina, omissão de dados à Justiça Eleitoral e lavagem de capitais, supostamente erigido para dissimular os fins ilícitos dos grupos políticos e empresariais apontados”.
O Ministério Público usou elementos de prova originados da Lava-Jato para sustentar a denúncia. São trechos de relatos de delatores da Odebrecht, conversas registradas de funcionários da transportadora de valores Transnacional, responsável por entregas de dinheiro em espécie, e mensagens do doleiro Álvaro Novis.
Os supostos pagamentos a Skaf, de acordo com os delatores da Odebrecht, teriam sido feitos com uso de codinomes registrados em planilhas de pagamentos como “Tabule” e “Kibe”. Essas anotações contam do departamento de propinas que a empresa mantinha para controlar pagamentos realizados em espécie e por meio de empresas de fachada. Há registros de entrega no endereço de um hotel em São Paulo, na região do Ibirapuera.
“A defesa de Paulo Skaf, uma vez mais, afirma o caráter completamente infundado da acusação que lhe foi dirigida pelo Ministério Público Eleitoral. A defesa informa que está à disposição da Justiça e que todas as doações recebidas pela campanha de Skaf ao governo de São Paulo em 2014 estão devidamente registradas na Justiça Eleitoral, que aprovou sua prestação de contas sem qualquer reparo de mérito”, diz nota encaminhada pelos advogados de Skaf.
O comunicado diz ainda que “Paulo Skaf reitera que ele nunca pediu e nem autorizou ninguém a pedir qualquer contribuição de campanha que não as regularmente declaradas. Salienta, uma vez mais, a absoluta confiança no Poder Judiciário, o qual restabelecerá a verdade neste caso.”







