Por Ricardo Antunes – A guerra fratricida no PSB, patrocinada com as digitais do prefeito do Recife, João Campos, produziu efeitos adversos ao partido. No intuito de excluir o governador Paulo Câmara (PSB) do ministério de Lula (PT), os socialistas que sonhavam com pastas polpudas terminaram recebendo Portos e Aeroportos, para a qual o ex-governador Márcio França foi indicado pelo partido, com a bênção do prefeito e da cúpula. Trata-se de uma pasta sem brilho algum para quem se recusa a descer do salto.
Os socialistas ainda terão dois ministros na Esplanada. Porém, tanto Flávio Dino (Justiça) quanto Geraldo Alckmin (Indústria e Comércio, além de ser o vice-presidente da República) entraram na cota pessoal de Lula. Ou seja, são socialistas, mas estariam lá independente da sigla. Faz lembrar o início do Governo Bolsonaro, que se vangloriava de ter indicado técnicos, mas tinha três ministros do então DEM (atual União Brasil).
O PSB terá que fazer um profundo exame de consciência para enxergar a realidade. Lula pinçou quadros que nem históricos do partido são. Dino é oriundo do PCdoB, pelo qual se elegeu para seus dois governos no Maranhão. Alckmin também é um socialista neófito, que passou décadas no tucanato Paulista, pelo qual governou São Paulo por quatro vezes.
Desta feita, o ato de excluir Paulo Câmara, principal articulador da aliança com o Lula se revela um tiro no pé para um prefeito jovem, que em 2020 se elegeu com um discurso anti-PT e prometeu não nomear quadros de seu partido na gestão. A militância petista já deu o troco na campanha de outubro, quando ignorou o candidato do PSB, Danilo Cabral, mas elegeu Teresa Leitão (PT) para o Senado. Agora, as atenções se voltam para 2024, que promete novo embate entre João e os petistas, desta feita na Presidência da República, pela sucessão municipal. Até lá, há tempo de treinar o xadrez antes de levar mais um xeque-pastor.
HIPOCRISIA
Lula fala em frente ampla, mas cria núcleo ministerial de maioria masculina e com nomes do PT ou ligados ao partido.

SOZINHO
Nomes de mulheres e negros só vieram nesta segunda leva de anúncios; pelo jeito, presidente eleito acha que ganhou a eleição sozinho
REVOLTA
O vídeo em que o influencer bolsonarista Paulo Generoso aconselhou manifestantes a saírem dos acampamentos, que questionam a vitória de Lula (PT) nas eleições de outubro, repercutiu mal nas redes extremistas.
DELÍRIO
Logo após a live de Paulo Generoso, que ocorreu na noite de ontem (21) ,os “patriotas” chamaram o influencer de “Paulo Mentiroso”, “traidor do povo brasileiro” e imediatamente começaram uma campanha para impedir a desmontagem dos acampamentos.
REQUERIMENTO
Depois da libertação do ex-governador Sergio Cabral, vem aí o julgamento que pode ajudar Arthur de Menezes Soares, o ‘Rei Arthur’. O empresário tenta condenar seu delator, Ricardo Siqueira Rodrigues, a pagar uma indenização de R$ 50 mil por declarações dadas ao MP do Rio.

JULGAMENTO
A intenção de Arthur, o último preso relevante da Lava Jato do Rio, é desacreditar informações que servem de base para a única ordem de prisão que o mantém foragido nos EUA. Ele é acusado de lavagem de dinheiro e corrupção sob suspeita de ter pagado propina para se livrar de inquéritos fazendários.
INSISTÊNCIA
A indicação de Wellington Dias para o ministério do Desenvolvimento Social desencadeou uma onda de pressão em torno de Marina Silva e Simone Tebet para que elas formem uma dobradinha na área do meio ambiente.
INTENÇÃO
Por esse arranjo, Marina seria nomeada para a autoridade climática, a ser criada com status de ministério e como secretaria vinculada à presidência da República, e Simone iria para o Ministério do Meio Ambiente.

DE OLHO
Logo após ser eleito, Lula afirmou que a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffman, não estaria em sua equipe ministerial, justamente por ter que cuidar do partido em todo o País. A justificativa de não misturar as coisas não valeu para Luciana Santos, presidente nacional do PCdoB, que foi confirmada para a pasta da Ciência e Tecnologia. Isso cresceu a vista, e outros dirigentes nacionais, como Carlos Lupi (PDT) e Paulinho da Força (Solidariedade), também devem querer para si espaços generosos no futuro governo.
QUAL PACTO?
Confirmado como secretário nacional de Segurança Pública, o deputado federal Tadeu Alencar (PSB) prometeu “estender ao País” o Pacto Pela Vida. O programa foi uma vitrine da gestão do ex-governador Eduardo Campos, principalmente entre 2009 e 2014, quando reduziu sucessivamente os índices de criminalidade em Pernambuco. Todavia, quase não se ouve falar mais da iniciativa, abandonada por Paulo Câmara, que nesses oito anos não puxou para si a responsabilidade pela segurança pública. Não custa perguntar a Tadeu sobre qual Pacto Pela Vida ele se refere, afinal o programa original faliu já no médio prazo.
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