Por André Beltrão — As duas empresas que ajudaram a ocultar os bens adquiridos por Lula Cabral, fruto de desvios do Instituto de Previdência Municipal (Caboprev) são a Karanto e R4 Empreendimentos. As empresas de fachada têm como sócios o próprio Lula Cabral e o empresário Sebastião Figueiroa. Utilizando as duas empresas, eles conduziram um esquema de ocultação de patrimônio e desvio de recursos do Caboprev. sendo responsável por facilitar as transações fraudulentas e dissimular a propriedade dos bens adquiridos com os recursos desviados do Caboprev.
Com um currículo criminal que inclui participações em esquemas de ocultação de patrimônio e operações como a Brucia la Terra e a Coffee Break, Figueiroa ajudou Lula Cabral a transformar o fundo previdenciário Caboprev em uma máquina de gerar dinheiro. Junto com Lula Cabral, ele transformou recursos destinados aos aposentados em luxuosos apartamentos e projetos imobiliários bilionários, entre eles o Dharma Ville, no Cabo de Santo Agostinho.
Com habilidade para esconder imóveis, as empresas de fachada conseguiam driblar as autoridades fiscais. Sebastião Figueiroa foi alvo de 6 grandes operações: La Terra, Coffee Break, Articulata, Contrassenso, Payback, Payback e Literatus. Enquanto o fundo previdenciário caminhava para o colapso, Lula e Figueiroa ocultavam patrimônio, registrando imóveis em nome de empresas de fachada como a Karanto Administração de Bens e a R4 Empreendimentos.

Durante a gestão na Prefeitura do Cabo, Lula Cabral conseguiu aprovação de Leis Municipais beneficiando o Loteamento Dharma Ville, permitindo sua expansão e valorização, considerado um empreendimento de grande porte que gerou altos lucros. Essas leis beneficiaram diretamente os interesses de Lula Cabral e Figueiroa, que ocultaram parte dos ganhos ilícitos através da Karanto.
O Loteamento Dharma Ville foi lançado com cerca de 2.600 lotes, gerando aproximadamente R$ 169 milhões em receitas. Em valores atualizados, esse montante chega a R$ 388 milhões. Figueiroa e Lula Cabral utilizaram o empreendimento para ocultar os recursos desviados e lavar o dinheiro através de transações imobiliárias.
Além do Dharma Ville, Lula Cabral e Sebastião Figueiroa adquiriram Imóveis na Avenida Boa Viagem e no Condomínio Vila dos Corais, na Reserva do Paiva.

Em 2017, o Ministério Público Federal (MPF) e o MPPE iniciaram investigações sobre ocultação de patrimônio e desvio de recursos envolvendo Lula Cabral e Sebastião Figueiroa. Figueiroa, sendo o sócio majoritário da Karanto, desempenhou um papel fundamental na gestão e ocultação dos ativos adquiridos com o dinheiro desviado do Caboprev.
Em 2018, Lula Cabral foi preso preventivamente durante a operação Abismo, deflagrada pela Polícia Federal, que investigava o desvio de recursos do Caboprev. Ele foi acusado de envolvimento direto no esquema de corrupção e lavagem de dinheiro, que utilizava empresas como a Karanto, controlada por Sebastião Figueiroa, para ocultar o patrimônio.
Em outubro de 2019, Lula Cabral foi libertado e voltou à Prefeitura do Cabo. A decisão judicial permitiu que ele aguardasse o andamento dos processos judiciais em liberdade. Figueiroa, por sua vez, continuou sendo investigado por seu papel no esquema, com foco em sua participação na Karanto e nos imóveis ocultados.
Em 2024, o Caboprev assumiu o papel de assistente de acusação, colaborando com o MPF e o MPPE para garantir a repatriação dos bens ocultos. Imóveis de alto valor, como os da Avenida Boa Viagem, o Condomínio Villa dos Corais, e o Loteamento Dharma Ville, são alvos do processo de recuperação. A participação de Sebastião Figueiroa como articulador do esquema é central nas investigações, que buscam responsabilizá-lo e garantir que os ativos retornem ao fundo previdenciário.
