O grande Nelson Ferreira dos Santos, dizia que ele “fazia cinema ao escrever”. Preso pela ditadura militar, jornalista, crítico e cineasta é impossível falar de Celso Marconi Lins sem lembrar o que ele fez pela cultura de nossa cidade. Aos 83 anos, lúcido e produzindo, ele fez o desabafo sobre as recentes demissões do Jornal do Commercio quase 30 anos depois que foi demitido pelo mesmo jornal. Ele estudou Filosofia e Antropologia pela UFPE.
“É por isso que eu não gosto de capitalista. Nesse regime onde existe gente que somente pensa em multiplicar seu dinheiro sem nenhuma consideração com o humano não pode haver alegria. Demitem como se fosse para o bem da empresa e vão simplesmente tomar um vinho. Uma pessoa como Marcos Toledo totalmente competente é demitido. E tantos outros alguns confesso que nem mais conhecia. Me lembrei da minha demissão do JC em 1988 logo que João Carlos Paes Mendonça assumiu o jornal.
Fui demitido como se fosse incompetente dito por Ivanildo Sampaio embora que ele um tempo desses me encontrasse no Rio Mar e falasse comigo como se nada tivesse acontecido. Eu vivi até agora e já fazem quase 30 anos da minha demissão. Como esses 15 do JC que foram demitidos também viverão. Mas claro que tive muito prejuízo. Inclusive para minha aposentadoria. Meu advogado foi, me desculpe, incompetente. E era ligado ao Sindicato. O JC assinou minha carteira profissional mas não me pagou. Me deve até hoje. E por isso o cálculo da minha aposentadoria foi apenas pelo que eu ganhava na Universidade Católica. Só sobrevivo porque tinha um trabalho como funcionário público. Sempre trabalhei em três ou quatro cantos para poder sobreviver com os meus filhos. Que hoje graças aos seus esforços vivem bem. São todos doutores. Enfim temos que acabar com essa raça de capitalista pois quem age assim não merece perdão. Não sou violento. Sou tranqüilo. Mas não perdôo capitalista.”







