Da Crusoé — Três empresas pertencentes a uma mesma família — duas delas sediadas no mesmo endereço — mantêm contratos de 45 milhões de reais com o governo federal para fornecer diferentes produtos e serviços ao Exército. As firmas forneceram toneladas de alimentos e de uniformes e equipamentos de proteção a tropas. As empresas, visitadas por Crusoé, funcionam em pequenas salas comerciais de Brasília — uma delas não tem nem sequer placa de identificação.
No centro desses negócios, autorizados em grande parte pelo Ministério da Defesa e pelo Comando do Exército, está Elvio Rosemberg da Silva Abreu Junior.
Ele aparece como dono da empresa DFX Comércio e Importação, que fornece uniformes e tecidos. Segundo o Portal da Transparência, a empresa recebeu 25 milhões de reais do governo federal. Em um boletim do Exército datado de 2009, o nome de Elvio Junior aparece em uma longa lista de tenentes promovidos na corporação. O Exército foi procurado por Crusoé, mas ainda não informou se ele continua na ativa.
Além de ter uma das empresas em seu nome, Elvio Junior é filho de Azenate Barreto Abreu, dona da Saúde & Vida Comercial de Alimentos, que já recebeu 12,5 milhões de reais do governo. A empresa fornece alimentos para as tropas, que vão desde feijão e carnes até leite condensado. Os números com os gastos gerais do governo com alimentos em 2020 foram revelados nesta terça-feira, 26, em reportagem publicada pelo portal Metrópoles. Vizinhos da firma afirmam que o lugar é frequentemente visitado por homens fardados.

Já a terceira empresa está registrada no nome de Cynthia Nascente Schuab Abreu, mulher de Elvio Junior. Ela figura como dona da Schuab Abreu Engenharia, que recebeu 7,1 milhões de reais do governo federal, também para fornecer produtos para o Exército. Na sede empresa, que é vizinha da DFX, da que o próprio Elvio Junior é sócio, um homem dava expediente nesta quarta. Ele disse ser responsável por receber materiais. Segundo o funcionário, a sala onde a Schaub está formalmente registradas serve apenas como depósito dos produtos da firma vizinha. No lugar havia caixas com a logomarca da DFX.
Crusoé tentou contato com Elvio, Cynthia e Azenate, mas eles não atenderam as ligações.