Por Luis Montenegro – Este ano faz 2.370 anos da morte de Platão. Filósofo grego clássico que deixou uma obra importantíssima influenciando toda a cultura ocidental e que até hoje continua influindo. Seja na política, no direito, na sociedade como um todo e até em nossa visão de mundo. A sua conhecida alegoria da caverna atravessou mais de dois mil anos e continua atualíssima. É sem dúvida uma representação brilhante de nossa dificuldade em perceber o mundo à nossa volta e, mais do que isto, da nossa resistência em sair do nosso conforto e aceitar novos desafios, conhecer e dialogar com o diferente, o disruptivo.
A física quântica já demostrou que nada é inerte, nada. Tudo no universo, numa escala quântica, está se mexendo, vibrando continuamente. Desde um ser vivo, óbvio, até uma pedra.
E quando olhamos para a nossa sociedade, tão tecnológica e em acelerada transformação, vemos que nós, os mais velhos, tendemos a uma resistência natural e nos recusamos a aceitar a realidade que nos cerca e até, em muitos casos, a negá-la, buscando narrativas que corrobore com a nossa percepção.
Claro, somos de uma geração que quando aprendemos a usar a colher, isto foi para sempre, o mesmo quando aprendemos a andar de bicicleta ou a dirigir um carro. Já aprender a usar um smartfone e seus aplicativos, não são para sempre. Todo dia tem um software ou aplicativo novo para aprender. Pense num saco!
Isto depois da grande guinada que demos ao sair dos processos analógicos para o digital! Um feito e tanto para a nossa geração. (se bem que até hoje a gente ainda se enrola e pede ajuda aos jovens).
Evidente que ser saudosista às vezes é uma boa (adoro rock dos anos 70) e todo mundo tem o direito de não gostar do Pabllo Vittar ou de sofrência, rock, rap ou o piseiro de João Gomes. E isto é mais do que natural. Até porque, do mesmo jeito que nada é totalmente inerte, também não existe nenhum ser igual a outro. Aliás, se existisse, a vida estaria inviabilizada. Portanto, imaginar e querer padronizar gostos e preferencias, não dá, pois é incompatível com a vida.
Se até as pedras são diferentes, imagine o seu filho, amigo ou vizinho?
Mas a sociedade tem um mecanismo parecido com os algoritmos e faz naturalmente os “parecidos” se atraírem. O gosto “padrão”, comportamentos ou crenças, tendem a se agrupar, acomodando e respeitando as diferenças e assim formam grupos e constroem fortes amizades.
Tudo isto nos dá a esperança de que Platão está mais vivo do que nunca, pois sua caverna tem libertado muitos fantasmas, que antes, estavam condenados a viver aprisionados em seus mundos de verdades.
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*Luis Montenegro é um dos mais premiados publicitários do Nordeste e fundador da MMS Propaganda.








