Do Estadão – O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, desistiu de viajar aos Estados Unidos após receber ordem de restrição de locomoção no país, por parte do governo Donald Trump.
Padilha não vai mais participar da comitiva liderada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Assembleia Geral da ONU.
Ele deixará de cumprir a missão, e não vai compor a comitiva que decola no próximo domingo aos EUA, tampouco se juntará à delegação posteriormente.
Padilha havia sido convidado por Lula e pretendia depois estender a viagem até Washington, para uma reunião na Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).O ministro petista havia recebido um visto diplomático para viajar apenas a Nova York, onde fica a sede da ONU, com limitações de viagens domésticas e mesmo circulação na Ilha de Manhattan.

Esse tipo de medida é imposta pelos Estados Unidos a países considerados hostis e autoritários, como o Irã, sob o argumento de risco a segurança nacional.
Há relatos recorrentes de protestos de outras delegações a restrições, como as da Rússia, China, Coreia do Norte, Cuba e Venezuela.
Em carta endereçada à Organização Pan-Americana de Saúde (Opas), Padilha lamentou a decisão. “Depois de ter cassado o visto da minha esposa e o da minha filha, de apenas dez anos de idade, o governo dos Estados Unidos impõe restrições inaceitáveis ao exercício da diplomacia brasileira”, disse. “Trata-se de uma decisão arbitrária e autoritária, que afronta o direito internacional e prejudica a cooperação harmônica entre países soberanos.”
Ainda de acordo com o ministro da Saúde, a decisão impede a participação plena do Brasil em órgãos das Nações Unidas sediados nos Estados Unidos. “Essa proibição tenta impor ao Brasil a exclusão parcial de seus direitos, retirando-nos as prerrogativas garantidas aos Países Membros pelo Acordo de Sede com a ONU”, acrescentou.
Recurso junto à ONU
Mais cedo, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou que o governo pediu a intervenção direta das Nações Unidas para solucionar restrições de locomoção em Nova York.
o Brasil já acionou o escritório do secretário-geral da ONU, António Guterres, e também a presidente da 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas, a alemã Annalena Baerbock. “Estamos através do secretário-geral da ONU e da presidente da Assembleia Geral relatando o ocorrido. São restrições que não têm cabimento, injustas, absurdas. Estamos relatando e pedindo a interferência do secretário geral junto ao país-sede”, disse Vieira. “Tratamos do tema nos canais disponíveis. Estamos esperando a ação do secretário geral da ONU e da presidente da Assembleia Geral.”









