Por Bruno Góes, no Globo – A disputa pelo comando do União Brasil, transformada em caso de polícia, não foi o único episódio violento vivido pelo presidente da sigla, Antônio Rueda. Há pouco mais de dez anos, o dirigente partidário foi ameaçado em um restaurante em Boa Viagem, no Recife, pelo empresário Thiago Brennand. Quando ainda não constavam em sua ficha as múltiplas condenações por estupro, Brennand entrou com seguranças armados no local requintado, para o desespero dos clientes, exigindo dinheiro de Rueda.
Brennand, hoje condenado três vezes por crimes sexuais e agressões — as penas já somam 20 anos e dois meses de prisão —, havia tentado contratar Rueda como advogado. Ele queria liberar, com uma liminar, equipamentos de som retidos pela Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos. Com os prejuízos causados pelo pagamento dos impostos do material importado, o empresário resolveu tirar satisfação.
Após bloquear a rua do entorno do restaurante Just Madá, Brennand desembarcou de um Porsche, segundo relatos de pessoas que presenciaram a cena. Ao lado de seguranças, que saíram de um Fiat Palio, proferiu xingamentos e ameaças.
Com a blitz, a maior parte dos clientes abandonou o local correndo. Entre os poucos que ficaram estavam Rueda e o deputado Mendonça Filho (União-PE), que conversavam à mesa.

Thiago Brennand, hoje condenado três vezes por crimes sexuais e agressões — as penas já somam 20 anos e dois meses de prisão
— Ele (Brennand) chegou com os seguranças armados, gritando e dizendo que me daria “uma pisa”. E eu e Mendonça ficamos — relata Rueda, citando a expressão que significa dar uma surra.
Segundo outra testemunha ouvida pelo GLOBO, Brennand pedia a devolução do dinheiro e chamava o interlocutor de “cabra safado”. A tensão já havia escalado no mesmo dia, quando o empresário tentou tirar satisfações com Rueda em seu escritório no Recife — momento em que foi barrado por seguranças.
Segundo o presidente do União Brasil, Brennand ficou enfurecido quando ouviu que deveria “tomar remédios” para se acalmar e que o serviço advocatício não seria prestado. No escritório, do lado de fora, Brennand teria prometido ir atrás dele para pegá-lo. Procurada, a defesa do empresário não quis se manifestar sobre nenhum dos episódios narrados nesta reportagem.
Nos meses anteriores, Brennand já havia tentado enquadrar Rueda em outro episódio. O presidente do União Brasil era síndico de condomínio em São Paulo, onde ambos ocupavam imóveis. Em determinado dia, o empresário cobrou o ressarcimento por quatro pneus furados de seu carro importado.
O dirigente foi consultar as imagens e enviou ao empresário um CD com as gravações, mostrando que ele chegara ao condomínio com os pneus já destroçados, inclusive com registro de faíscas pulando das rodas.
— Está aí o cheque — disse Rueda, na ocasião, após entregar as imagens.









