Por Ricardo Novelino – O esquema montado na prefeitura de Ibimirim, no Sertão Pernambucano, envolveu desvio de dinheiro público e teve a participação do prefeito da cidade, Welliton Siqueira, do vice-prefeito, Charles Bezerra, de secretários e de servidores. Deflagrada nesta quinta (13) pela Polícia Federal, a Operação Hidra descobriu que uma mesma empresa atuava em uma espécie de “clínica-geral” e criou uma forma de “faturar” em três áreas bem diferentes: compra de remédios e serviços de engenharia, além de aluguel de carros.
Em entrevista coletiva concedida no Recife, no fim da manhã, o delegado Marcio Tenório explicou como funcionava o esquema. Segundo ele, os empresários montaram empresas-fantasmas e outras firmas sem capacidade para prestar os serviços contratados. Tudo isso com a participação do alto escalão da prefeitura. Para facilitar ainda mais, servidores foram colocados em locais bem estratégicos, como o responsável pelas licitações.
“O pregoeiro foi colocado pelos próprios empresários envolvidos dentro do esquema na prefeitura”, afirmou o delegado. Informações repassadas para a PF apontam que donos de outras empresas tinham desistido de participar das licitações em Ibimirim por causa da “fama” dos esquema de fraudes montado na cidade.
O delegado da PF disse, ainda, que o grupo empresarial e os gestores se associaram claramente para concentrar todas essas obras e serviços nas mãos desse mesmo grupo. “Os serviços contratados com essa mesma empresa foram prestados em parte, de forma indevida ou não foram feitos em nenhum momento, acrescentou o policial.
Ainda de acordo com a PF, foram cumpridos 86 mandados de busca e apreensão. Não houve pedidos de prisão até o momento. “Nós estamos reunindo as provas para o esclarecimento dos fatos. O maior interesse é com documentos. Não descartamos nenhuma medida”, observou Tenório.
Veja o vídeo:
O valor dos desvios ainda está sendo computado pela PF. O delegado adiantou que foram apreendidos R$ 100 mil em dinheiro, durante a operação desta quinta.
A PF disse também que houve ações em nove cidades, incluindo o Recife. “Nesses locais, havia endereços de pessoas envolvidas, fossem servidores empresários, trabalhadores dessa empresa e até laranjas do esquema. Não há informações sobre a ocorrência de desvios nessas outras cidades”, comentou.
Operação Hidra
Participam da operação 214 policiais federais. Todos os mandados foram expedidos pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região. As ações aconteceram no Recife, Camaragibe, Caruaru, Arcoverde, Ibimirim, Afogados da Ingazeira, Itacuruba, Inajá e Salgueiro.
As investigações tiveram início a partir de uma delação premiada homologada pelo Tribunal Regional Federal da 5ª Região (TRF-5).
Com as informações, os agentes concluíram que havia indícios de associação criminosa. Entre eles estão: obtenção de dados financeiros, demonstrando a existência de movimentações indicativas de lavagem de dinheiro (possivelmente decorrente de corrupção e/ou de desvio de recursos públicos); constatação da inexistência de empresas contratadas pela prefeitura ou da insuficiência/incapacidade de outras para fornecer os objetos licitados; verificação da existência de vínculos suspeitos entre os proprietários das empresas contratadas; e, ainda, análise de processos licitatórios com indicativos de contratações diretas irregulares, superfaturamento e fraudes.
O Blog procurou a prefeitura de Ibimirim para saber se haveria pronunciamento sobre a operação da PF. Quando a resposta for encaminhada, faremos o registro do Outro Lado.
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