Do Globo – Um dos integrantes do Conselho de Experts e do Núcleo de Informação e Pesquisa, que assessora o governo do Rio durante a pandemia do coronavírus, o epidemiologista Roberto Medronho disse, nesta quarta-feira, que o lockdown – quando apenas serviços essenciais funcionam – é a única maneira de deter o avanço rápido da doença. Em entrevista ao “Bom Dia Rio”, o chefe da Divisão de Pesquisa do Hospital Universitário Clementino Fraga da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) frisou que, se a medida não for adotada, pessoas poderão morrer em suas casas, sem atendimento médico. De acordo com ele, o lockdown era para “ter começado ontem”.
– Nós estamos vendo hoje pessoas lotando as emergências sem vaga de CTI. As pessoas muitas vezes já chegando num quadro praticamente terminal, e isso tende a se agravar. Infelizmente, poderemos ver pessoas morrendo em casa sem assistência médica. Então, a hora de decretar o lockdown é agora para tentar reduzir essa escalada ainda grande da epidemia – afirmou.
Roberto Medronho acredita que o lockdown poderá evitar as pessoas de irem para a rua:
– Agora, ainda mais com as pessoas desrespeitando o isolamento, acredito que é a medida que vai fazer com que todos fiquem em casa. Com o relaxamento da quarentena, nós estamos vendo que essa curva (número de casos da doença no Rio) está voltando a acelerar. Daí, a necessidade do lockdown.
Medronho destacou que hoje já vivemos uma calamidade e que, nesse quadro, é necessário que todos sigam as orientações das autoridades de saúde pública.
– Temos consciência, nós especialistas, que esse remédio é um remédio amargo. Mas é como aquele remédio amargo que a gente dá para uma pessoa, para uma criança, sabendo que ela vai ser curada. O que precisa para amenizar isso é o Estado fazer as políticas de compensação e de mitigação desse problema. Distribuindo renda, fazendo com que essas pessoas tenham o mínimo de subisistência, dando bolsas de alimentação para as comunidades carentes. Porque também não adianta nada se o Estado não entrar com ajuda. Estado que eu digo todos os entes: federal, estadual e municipal unidos para mitigar os problemas, especialmente para aqueles mais necessitados economicamente. São eles que mais estão sofrendo com a pandemia e são eles que podem vir a sofrer com a crise econômica. Temos que ter um olhar especial para essas pessoas – disse.







