*Por Hely Ferreira — Desde o ano de 1994 até 2014, as eleições presidências polarizavam entre o PT e o PSDB. Embora sempre existisse quem defendesse a necessidade de uma terceira via, infelizmente, ou não, o desejo não prosperou. O quadro eleitoral de 2018, para muitos foi atípico. De um lado se tinha a candidatura encabeçada pelo PT, que carregava uma rejeição altíssima, fruto dos desmandos e também de uma orquestração dos que desejavam voltar ao poder e sabiam que mais uma vitória petista, tornaria o retorno mais distante.
Do outro lado, uma candidatura que foi ganhando musculatura entre os que estavam decepcionados com o governo, os antipetistas de raiz e os saudosistas. Vislumbrando a possibilidade de desafogar as mágoas, despejaram todas as esperanças na candidatura que se apresentava e melhor representava, o desconforto de quem estava desentranhado ao poder. Mas o tempo passou e boa parte procura se comportar como Madalena arrependida, tentando se descolar de qualquer responsabilidade do cenário turvo atual. Até mesmo parte dos políticos, como sempre pragmáticos, estão procurando distanciar-se do Planalto.
O messianismo persiste na agenda política nacional, para tanto, seus adeptos já caíram em campo e o senil discurso da terceira via ressurge das cinzas. Em qualquer país que se diz democrático, o eleitor deve ter várias opções de escolha governamental, mas deve se comportar como Argos e reconhecer que muitas vezes o que existe é um discurso travestido de novidade, mas representa a velha prática política em que o compromisso se limita a permanência de grupos que não conseguem ter outra atividade que não seja viver debaixo do poder público. Sendo assim, o rompimento mesmo sendo doloroso, mas necessário, se torna algo impossível de acontecer.
Até o momento, segundo as pesquisas, o cenário continua polarizado entre o ex-presidente e o atual. Não significa dizer que outras pré-candidaturas não estão sendo postas no tabuleiro eleitoral. Acontece que, os nomes apresentados como representantes da terceira via, não estão conseguindo decolar. Até o ex-ministro da Justiça do atual governo, não ultrapassa 9%. Dando margem para que se comente de uma possível desistência da disputa presidencial, partindo para uma candidatura ao cargo de senador. O fato é que quanto mais polarizado ficar, melhor para os líderes das pesquisas.
P.S.: Feliz Ano Novo!
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Hely Ferreira é cientista político