Da Folha de S. Paulo – O Exército de Israel iniciou uma ofensiva terrestre nesta segunda-feira (15) para ocupar a Cidade de Gaza.
As forças israelenses já vinham expandindo seus ataques aéreos contra a maior cidade da Faixa de Gaza nas últimas semanas. O que foi iniciado nesta segunda, no entanto, é a tomada via tropas terrestres, que até então não haviam atuado desta maneira na região. O Chefe de Direitos Humanos da ONU reagiu à ofensiva afirmando que as evidências de crimes de guerra e crimes contra a humanidade praticados por Israel estão aumentando.
“Só consigo pensar no que isso significa para mulheres, crianças desnutridas e pessoas com deficiência, se forem novamente atacadas dessa maneira. E tenho que dizer que a única resposta a isso é: parem com a carnificina”, disse o alto comissário da ONU para direitos humanos, Volker Türk, a jornalistas em Genebra. “Palestinos e israelenses clamam por paz. Todos querem um fim para isso, e o que vemos é uma nova escalada que é total e completamente inaceitável.”

A pressão que o funcionário recebe para usar o termo genocídio ao se referir às ações de Israel devem aumentar após uma Comissão de Inquérito das Nações Unidas concluir, também nesta terça, que Israel cometeu o crime em Gaza.
Quando perguntado se consideraria usar a palavra para o conflito, Turk disse ver “acúmulo de crimes de guerra. “Quero dizer, cabe ao tribunal decidir se é genocídio ou não, e vemos as evidências se acumulando”, afirmou.
O gabinete de segurança de Israel, presidido pelo primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, aprovou no mês passado um plano para expandir a campanha militar e controlar a Cidade de Gaza, capital do território homônimo. O premiê afirma que o local é um reduto do Hamas e que conquistá-la é necessário para derrotar o grupo terrorista.
Ainda nesta segunda, Netanyahu havia afirmado que não descarta realizar novos ataques contra líderes do Hamas “onde quer que estejam”. O premiê falou a jornalistas ao lado do secretário de Estado americano, Marco Rubio, em Jerusalém.
Durante o encontro, Netanyahu disse que o presidente Donald Trump é o “maior amigo” que Israel já teve na Casa Branca. “Sua presença aqui hoje é uma mensagem clara de que os Estados Unidos apoiam Israel”, declarou.
Ataques de Israel matam civis palestinos em busca de ajuda humanitária em Gaza Já Rubio voltou a afirmar que o Hamas “precisa deixar de existir como um elemento armado capaz de ameaçar a paz e a segurança” na região e que os reféns israelenses mantidos em Gaza devem voltar imediatamente.
Na semana passada, Tel Aviv lançou uma ofensiva inédita contra líderes do grupo terrorista no Qatar, mas não matou membros do alto escalão do Hamas. Após o ataque, o governo Trump se limitou a dizer que não havia sido informado sobre a ação com antecedência e fez demonstrações de apoio a Doha, importante aliado americano no Oriente Médio e onde fica a maior base aérea dos EUA na região.
Rubio disse na quinta que os EUA “incentivarão o Qatar a continuar desempenhando um papel construtivo em Gaza” —o país sedia os encontros para negociação de cessar-fogo. O secretário ainda anunciou que visitará o país árabe após a missão em Israel.
Israel bombardeia Doha em ataque contra dirigentes do Hamas no Qatar
A ofensiva de Israel na capital do território palestino já deslocou centenas de milhares de palestinos que se abrigam ali desde o começo da guerra, há quase dois anos. Antes do conflito, cerca de 1 milhão de pessoas, quase metade da população de Gaza, vivia na cidade.
Tel Aviv afirmou publicamente que cerca de 300 mil palestinos deixaram a Cidade de Gaza nas últimas semanas, em decorrência das ordens de retirada emitidas pelas tropas israelenses.









