Por Manoel Guimarães

Em 1856, o presidente em exercício dos Estados Unidos, Franklin Pierce, pleiteou a indicação do Partido Democrata para sua reeleição. Os cardeais, no entanto, optaram por James Buchanan, que venceu a disputa contra John Frémont, primeiro candidato da história do Partido Republicano. Iniciava-se ali, oficialmente, a rivalidade entre as siglas e um sina para democratas, que nem o popstar Barack Obama conseguiu encerrar: um presidente do partido eleger seu sucessor em quase 200 anos. Isto porque Pierce não queria fazer o sucessor naquele ano. Mas “fez”.
Qual a surpresa na eleição de Donald Trump? Honestamente, a história americana é bastante explicativa nesse aspecto. Desde o mimimi de Pierce, foram 30 presidentes americanos eleitos, sendo 19 republicanos e 11 democratas (entre os quais Grover Cleveland é contabilizado duas vezes, já que conquistou mandatos para a Casa Branca de forma não-consecutiva).
Vale salientar que o maior domínio dos democratas (a era Franklin Roosevelt/Harry Truman, com cinco vitórias entre 1932 e 1952) foi beneficiado pelo desastre da crise de 1929, que prejudicou a reeleição do republicano Herbert Hoover. Foi a única vez em que os democratas governaram por mais de três mandatos consecutivos desde sua fundação, em 1828.
De lá para cá, apenas Andrew Jackson, o primeiro presidente americano eleito e reeleito pelo partido (1828 e 1832), emplacou um aliado: Martin van Buren, em 1836. Lá se vão 180 anos.
Obama se junta a Martin van Buren, James Polk, James Buchanan, Grover Cleveland, Woodrow Wilson, Harry Truman, Lyndon Johnson e Bill Clinton entre os presidentes democratas que não fizeram o sucessor. Cleveland ainda chegou a perder a própria reeleição, assim como Jim Carter.
Outros dois casos de sucessão entre democratas neste período foram decorrentes de mortes. Truman assumiu no início do quarto mandato consecutivo de Roosevelt, em 1945, se reelegeu em 1948, mas seu candidato Adlai Stevenson II perdeu para o republicano Dwight Eisenhower em 1952. Situação similar à de Lyndon Johnson, vice de John Kennedy, assassinado em 1963. Johnson se reelegeu um ano depois, tendo como vice Hubert Humphrey, que concorreu à sucessão e foi derrotado por Richard Nixon em 1968.
Não entro no conteúdo, campanha ou figuras de Hillary e Trump. Mas a história americana e a formação política da maior potência mundial são muito mais amplas do que simplesmente falar em swing states ou qualquer termo de hora. Os Estados Unidos são uma nação marcada pela alternância de poder constante e rápida. E chegou novamente a vez dos republicanos.
Manoel Guimarães
Jornalista com passagens pela Folha de Pernambuco e Jornal do Commercio. Atuou como assessor de imprensa dos ex-governadores Eduardo Campos e João Lyra Neto e do senador Armando Monteiro.







