Por Luiz Roberto Marinho – Um ano depois do brutal atentado contra a vida do jornalista investigativo Ricardo Antunes, ao sair de uma barbearia em Boa Viagem, na Zona Sul, o mandante do crime, o empresário Rodrigo Tavares Ramos, 35 anos, dono da rede de clínicas LP Saúde, e o executor, Pedro Henrique Costa de Oliveira, 29 anos, continuam impunes.
O processo tramita na 3ª Vara Criminal, com o juiz Laiete Jatobá Neto, que acatou em junho último a denúncia de lesão corporal gravíssima, mas está parado. O MPPE negou por duas vezes a solicitação feita pelos delegados do caso
A pena para o crime varia de dois a oito anos de reclusão.
Advogados que acompanham o processo afirmam que pedidos à Justiça dos delegados José Alexandre Amorim da Silva, ex-titular da Delegacia de Boa Viagem, na Zona Sul, que iniciou as investigações, e do seu substituto, Mário Melo Junior, que deu andamento ao caso, foram juridicamente mal formulados. Aberto na Delegacia de Boa Viagem, o processo tem 841 páginas.
Em conversas de WhatsApp às quais o blog teve acesso, Rodrigo Tavares Ramos fez uma piada ao enviar uma foto do rosto do jornalista deformado após o ataque. “Vê que beijinho”, escreveu. No diálogo, insinua que, numa “próxima vez”, algo ainda pior poderia ocorrer com Ricardo Antunes. “Foi só um beijinho. Na próxima…”, digitou, sem completar a frase.

O interlocutor ri do comentário e demonstra estar impressionado com a violência do ataque. “Coro [surra] da peste”, exclama. “Notícia pra todo lado disso aí”, acrescenta
Ricardo Antunes foi agredido no dia 13 de novembro de 2024, ao sair da barbearia Trois, em Boa Viagem. Foi atacado pelas costas por Pedro Henrique Costa de Oliveira com um soco, caiu e continuou sendo espancado.
A cena foi filmada, a pedido do mandante, e postada em redes sociais como forma de humilhar o jornalista.
Ricardo, que quase ficou cego do olho esquerdo, sofreu afundamento facial e levou 33 pontos em cirurgia de duas horas no Hospital Português para colocação de pinos e plaquetas. O atentado se deveu a reportagens no seu blog de denúncias de irregularidades numa das clínicas da LP Saúde, localizada no bairro de Prazeres, em Jaboatão dos Guararapes, na Região Metropolitana do Recife.
A violência, noticiada nacionalmente, mereceu repúdio das maiores entidades do País. A Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) e outras 10 organizações defensoras da liberdade de imprensa divulgaram nota se solidarizando com o jornalista Ricardo Antunes e cobrando rapidez na investigação do atentado.
Além da Abraji, assinaram a nota Ajor (Associação de Jornalismo Digital), Artigo 19 ,CPJ (Comitê para a Proteção de Jornalistas), Fenaj (Federação Nacional de Jornalistas), Instituto Palavra Aberta, Instituto Vladimir Herzog, Instituto Tornavoz, Jeduca (Associação de Jornalistas de Educação), Intervozes e RSF (Repórteres Sem Fronteiras). As entidades formam a Coalizão em Defesa do Jornalismo.
Veja o documento









