Por Ricardo Antunes
“Qual a origem do seu nome?” Era com essa frase que eu provocava Amin Stepple toda vez que cruzava com ele há mais de 30 anos onde o encontrasse. Tímido, ele só fazia sorrir.
Gênio, rebelde, chato, incompreendido por onde passou, esse “paraibano pernambucano” foi uma das figuras mais importantes da minha trajetória profissional.
Primeiro, cruzei com ele na Globo Nordeste e depois em trabalhos conjuntos, nas sessões alternativas de cinema da cidade, nos bares, nas livrarias.
Há pouco menos de 10 anos ele era sempre chamado para produzir programas eleitorais em João Pessoa.
Era, sobretudo, no banquinho do seu edifício na Rua do Futuro, 255, que a gente conversava mais. “Até a boemia da cidade mudou” se lamentava ele ao constatar o aparecimento do “mundo novo”.

Eras nesse banco que ele me recebia para fazer análises políticas, falar do que sobrou do jornalismo, mas, sobretudo, para ouvir minhas angústias profissionais. E contar as dele.
Há seis meses que não nos falávamos. Amin não era de zap nem muito menos de fone. Gostava mesmo era de escrever e se corresponder por e-mail. Gostava mesmo de contar história. Fez jornalismo, fez cinema, fez textos brilhantes.
Amigos que trabalharam com ele na Globo NE dizem que nos últimos anos ele brigava com todo mundo.
Bobagem: Só os tolos não percebem que os gênios são indomáveis. Ele também brigou comigo por uns meses.
Sua partida pegou tudo mundo de surpresa e mexe com a cena cultural e etílica da “província”.

Não é “lero lero” não, pessoal. Meu amigo Amin se foi. Vai encontrar Geneton Moraes Neto (com quem também brigou, claro) no céu.
E produzir mais um filme do Recife para o mundo.







