Com informações de O Globo
Morreu ontem, aos 87 anos, o jornalista Sérgio Noronha, com passagem por diversos veículos da imprensa do Rio, como a TV Globo, Rádio Globo e o SporTV. Desde 2015, ele sofria do Mal de Alzheimer e, atualmente, morava no Retiro dos Artistas. Noronha estava internado há 10 dias no Hospital Rio Laranjeiras, na Zona Sul da cidade, por causa de uma pneumonia. Porém, após a melhora e a ida para o quarto, sofreu uma parada cardíaca.
O falecimento foi confirmado pelo Retiro dos Artistas, onde o jornalista vivia desde 2018 graças à ajuda do amigo Arnaldo Cezar Coelho. O ex-árbitro e comentarista intercedeu junto à casa, que abriga majoritariamente artistas, para cuidar de Sérgio Noronha.
– Foi um jornalista esportivo exemplar, conheço desde o tempo que apitava o futebol de praia, e ele escrevia no Jornal do Brasil. Tinha um texto muito bom. É um exemplo para os jovens. Quando ele se aposentou, o ajudei em várias ocasiões, reunindo amigos em volta dele e isso foi muito importante.Ele descansou. Todos nós estamos sentindo a perda dessa grande jornalista e eu, a perda de um amigo – disse Arnaldo Cezar Coelho.
“Seu Nonô”, apelido eternizado pelo radialista Jorge Curi, tornou-se nos anos 1980 uma das principais vozes da crônica esportiva carioca. O jornalista começou na revista O Cruzeiro e trabalhou no Jornal do Brasil por anos. Mas foi nas rádios Globo e Tupi que conquistou os ouvintes cariocas.
Ao lado do colega e, posteriormente, amigo Edson Mauro, presenciou e comentou o Flamengo, de Zico; o Vasco, de Roberto Dinamite; e o Fluminense, de Rivelino, com seu humor elegante. Os dois fizeram parceria nas duas rádios. O locutor da Rádio Globo o compara a João Saldanha, um dos principais jornalistas esportivos do país, pela facilidade em se adaptar a todas as mídias.
-Ele era uma pessoa muito culta, lia muito e, em todos os lugares que íamos, as pessoas adoravam conversar com ele. Era alguém que sabia usar muito bem as palavras. Quando ele falava, parecia um texto pronto – conta Edson Mauro, que o visitou há três semanas, mas o amigo já não o reconhecia por causa do Alzheimer. – Ele só reagiu quando falei das minhas filhas, que tinham mandado um beijo para o “Tio Nonô”.
Noronha tornou-se conhecido no esporte, mas não se limitava ao meio esportivo. Foi vizinho de Zuenir Ventura, na época da Ditadura Militar, no bairro da Urca, Zona Sul do Rio. Numa época de perseguição a jornalistas, “Seu Nonô” teve uma atitude enaltecida até hoje pela família Ventura.
Logo após o Golpe Militar, Zuenir e a mulher, grávida de quatro meses, viajaram às pressas para a França. Conseguiram vistos para o Festival de Cannes. O filho, Mauro, com apenas cinco meses à época, ficou com a babá em casa. A pedido do vizinho, Noronha levou o bebê até Friburgo de carro para a casa da irmã de Zuenir.
— Dito assim, parece tranquilo. Mas em época de repressão não era. Ele nem hesitou, foi muito nobre da parte dele. À admiração pessoal, depois se somou a admiração profissional — afirma Mauro Ventura.
Na TV, integrou mesas redondas em canais diversos e comentou a Copa do Mundo de 1982 pela Rede Globo. Em 1985, foi chefe da editoria de Esporte da emissora. Em 1999, retornou à TV nas transmissões dos Mundiais de 2002 e 2006. Seu último vínculo na empresa foi no SporTV, em 2011. Ele ainda teve passagem pela Rede Bandeirantes.
Amigos, como o locutor Luiz Penido, da Rádio Globo, e o Flamengo lamentaram o falecimento do jornalista nas redes sociais.