Hoje, mais uma vida foi ceifada pela Covid-19. No dia que o Brasil atinge a triste marca de 500 mil mortes, morre o Maestro Geraldo Menucci, deixando quatro filhos: Catarina, Alexandre, Daniel, e Andrea.
Merecedor de nosso profundo reconhecimento pela dedicação de uma vida de 92 anos, intensa e obstinada pela educação através da música e das artes, que sempre acreditou ter o maior poder transformador para evolução e felicidade humanas. Como músico, neste país, passou por muitas batalhas difíceis, sempre em prol da coletividade.
Era carioca do Grajaú, descendente de italianos numa família de 11 irmãos. Estudou violino desde os 14 anos, graduou-se em Regência e Composição na Escola Nacional de Música da Universidade da Bahia, e fez outras tantas práticas musicais com professores como Kurt Thomas, H.J. Koellreuter, Yulo Brandão e Padre Jaime Diniz.
Em 1951, adotou Recife como sua cidade, após se casar com uma pernambucana. Foi admitido como maestro assistente da Orquestra Sinfônica do Recife, onde iniciou com total dedicação sua longa jornada em Pernambuco.
Geminiano intrépido e sonhador, mas de grande capacidade executiva, criou em 1955 o Coral Bach do Recife. O Coral Bach foi o primeiro coral brasileiro a atravessar o Atlântico para apresentações de 11 concertos em vários países da Europa, em especial no VI Festival da Juventude pela Paz e Amizade, em Moscou, no ano de 1957.
Apaixonado por corais, – “a voz humana é o instrumento musical mais perfeito“, dizia ele”, criou o Coral Hashomer Alzair da juventude israelita de PE, recebendo muitos elogios públicos do maestro Villa Lobos pelos trabalhos desenvolvidos. Em 1958, foi organizador e regente da Banda Municipal de Recife.
Encantado com os recursos e paisagens do Recife e com a possibilidade do uso dos belos rios, organizou uma inédita Serenata Fluvial com 250 participantes tocando e carregando luminárias acessas em seus barcos pelo Rio Capibaribe.
Após o Golpe de 64, foi obrigado a deixar Recife, e mudou-se indignado para o Sudeste. Em São Paulo, criou o Coral Willys (depois Ford Willys), com o qual realizou 108 concertos, gravou 2 LPs e regeu a Orquestra Filarmônica de São Paulo e a Orquestra do Teatro Municipal do Rio de Janeiro (Sala Cecília Meirelles), em concertos com o Coral de mais de 100 vozes.
Em 1971, mudou-se para São Carlos, no estado de São Paulo, onde na USP e UFSC criou o Madrigal de São Carlos e Coral de São Carlos, Grupo Cantigantiga e a Orquestra Sinfônica de São Carlos> Criou também a Orquestra de Câmera de São Carlos, mobilizando inúmeros jovens estudantes.
Entre 1976 e 1978, foi Regente e Diretor artístico do Madrigal Revivis em Ribeirão Preto-SP. Nesta mesma época, foi regente da Orquestra Luiz Tullio, do Conservatório Musical de Campinas-SP e da Unicamp. Ainda foi professor de música e regente do Coral da UNIMEP.
Em 1980, Geraldo retorna a Recife após a” Lei da Anistia” e reassume suas funções como regente assistente da OSR, fundando, para a Secretaria de Educação de Pernambuco, o Centro de Criatividade Musical de Recife, embrião de um projeto maior, ao qual se dedicará o resto da vida.
Em 1985, ele realiza seu grande sonho: o projeto da Fundação Centro de Criatividade Musical de Olinda – “De pés descalços também se faz música”-, voltado exclusivamente para jovens carentes, onde foi diretor geral e orientador pedagógico por 27 anos.







